Artigo: quem tem quadro depressivo pode fazer exercícios físicos?

Atualizado em 12 de setembro de 2023

Por Alethea Oliveira*

Para quem não tem maior conhecimento a respeito dos transtornos mentais, introduzo aqui a depressão. Ela é uma doença mental grave que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e é caracterizada por sentimentos persistentes de tristeza, falta de interesse em atividades anteriormente apreciadas, falta de energia e fadiga, distúrbios do sono, alterações do apetite, baixa autoestima e dificuldade de concentração.

Embora a terapia psicológica e o uso de medicação sejam tratamentos comuns para a depressão, a atividade física pode ser um complemento eficaz e saudável ao tratamento convencional. Vários estudos têm mostrado que exercícios podem ajudar a aliviar os sintomas da depressão e melhorar o humor.

Os efeitos benéficos do exercício físico na depressão são provavelmente devidos a uma combinação de fatores fisiológicos e psicológicos. As atividades aumentam a produção de endorfinas, substâncias químicas produzidas pelo cérebro que ajudam a melhorar o humor e reduzir a sensação de dor. Os exercícios também podem aumentar a circulação sanguínea e melhorar a função do sistema cardiovascular, o que pode levar a uma maior sensação de bem-estar. Além disso, podem também auxiliar na melhoria da autoestima e da autoconfiança: ao estabelecer e alcançar objetivos de praticar exercícios com regularidade, as pessoas podem sentir uma sensação de realização e melhoria da auto eficácia, que podem ajudar a reduzir a ansiedade.

Existem inúmeros estudos científicos a respeito desta relação. Um deles, publicado na revista American Journal of Preventive Medicine, em 2018, examinou o efeito do exercício físico na depressão em adultos de meia-idade. Os pesquisadores descobriram que as atividades físicas estavam associadas à uma redução significativa nos sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Outro estudo, publicado na revista Psychosomatic Medicine, investigou o efeito do exercício em pessoas com depressão grave. Os pacientes que receberam terapia com atividades físicas experimentaram uma redução significativa nos sintomas de depressão, ansiedade e estresse em comparação com o grupo de relaxamento muscular progressivo.

Embora os benefícios do exercício físico para a depressão sejam claros, é importante notar que o mesmo não deve ser considerado como uma solução única para a depressão. A moléstia é uma condição complexa, que requer um tratamento profissional adequado, como terapia psicológica (por vezes associada a medicação). No entanto, a atividade física pode ser uma ferramenta valiosa para melhorar o bem-estar mental e físico em geral. É recomendável consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer programa de exercícios, especialmente se você tiver alguma condição médica. O profissional de saúde pode te ajudar a desenvolver um programa específico que seja seguro e eficaz para suas necessidades individuais.

 

 

*Alethea Oliveira é psicóloga e tem 46 anos. Ex-obesa e sedentária, começou a correr há três anos e já participou de mais de 50 provas. É mãe de duas filhas e avó de um menino.