Por Fernanda Alves*

Há exatamente um ano atrás estava eu sentada na frente de uma médica do esporte acreditando que necessitava apelar para medicações para a realização de uma maratona. Me queixava de lentidão, fazia muita força para correr (como se estivesse carregando um saco de 30 kg nas costas), sentia uma sensação de fadiga como estivesse doente e tinha sono constantemente.

Após uma bateria de exames, em um hemograma simples a doutora me retorna dizendo que estava entrando em um quadro de anemia.

“Anemia, eu? Sempre me cuidei, me alimento bem, faço atividade física…”

Então fui a fundo entender o porquê de estar com baixa quantidade do ferro no sangue e encontrei algumas pesquisas que indicavam que isso poderia acontecer com mulheres atletas. Um dos principais fatores que as atinge tem a ver com o ciclo menstrual, no qual ocorre a perda de hemoglobinas através da menstruação. Outros fatores que atingem as atletas são:

• Dieta pobre em ferro;
• Consumo excessivo de cafeína;
• Hemólise por impacto, atinge principalmente atletas de corrida;
• Perda de ferro através da transpiração;

Nesta última – pouco conhecida – durante o processo de transpiração ocorre a perda de eletrólitos, dentre os quais os íons de sódio e potássio são os mais comumente enfatizados (devido à sua importância para o organismo), porém há também íons de ferro presentes na composição do suor. Já a hemólise por impacto é um processo característico de destruição das hemácias: isso acontece em consequência dos sucessivos traumas mecânicos impostos aos vasos capilares durante a prática esportiva, deixando dispersos no plasma os componentes das hemácias rompidas. Dentre eles encontra-se a hemoglobina, cujo componente principal é o ferro (provenientes das células vermelhas mortas).

Por isso, é de extrema importância procurar um médico do esporte ou endocrinologista – com apoio de um nutricionista – assim que os sintomas experimentados por mim ou outros apareçam, de modo a identificar a anemia e suplementar (ou mesmo criar) uma dieta focada em ingestão de ferro. Após estes cuidados voltei à minha antiga performance, voltei a correr no pace que sempre corria e, ainda por cima, melhorei meu tempo! Procure sempre conhecer seu corpo e, quando sentir uma alteração, procurar um especialista.

*Capitã da adidas Runners Brasil, head esportiva do Ibirapuera, fisiologista e personal trainer.