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Atualizado em 30 de setembro de 2010
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Por Maurício Belfante

Quem é asmático ainda consegue se lembrar dos problemas com o esporte durante a infância. Por mais que desejasse participar de brincadeiras e correr sem se preocupar com nada ao redor, a criança que sofria com a doença muitas vezes levava um puxão de orelha da mãe, que pedia para não participar de atividades que pudessem prejudicar ainda mais sua saúde.

Com isso, muitos adultos ainda levam consigo esse tipo de informação, de que a prática de atividade física para quem tem asma deve ser evitada. Mas não é bem assim. “Qualquer atividade física auxilia pessoas que têm problemas respiratórios, seguindo sempre as melhores instruções para uma prática esportiva saudável”, afirma Ricardo Arap, diretor técnico da Race.

Em 2008, o etíope Haile Gebrselassie, de 37 anos, ficou de fora dos Jogos Olímpicos de Pequim, por conta da condição atmosférica da cidade chinesa. Porém, o que poucos sabem, é que o detentor do recorde mundial da maratona, com 2h03min59s, sofre de asma, o que não lhe impediu de se tornar um dos maiores nomes da história do esporte.

Contudo, é preciso que o esportista asmático tenha alguns cuidados, realizando tratamentos que acabem com as crises. “Cerca de 50% a 70% dos asmáticos apresentam o broncoespasmo, independentemente de estarem em tratamento de controle ou não. Porém, com o tratamento, eles têm a chance de não apresentarem os sintomas ou apresentá-los em um quadro mais leve, enquanto os asmáticos sem o tratamento apresentarão o broncoespasmo de forma grave”, explica o alergista Flávio Sano, diretor médico da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia.

A asma e o esporte
Frequentemente interpretada de forma equivocada, a falta de ar na corrida pode não ser um sintoma de início de broncoespasmo, mas sim reflexo de um condicionamento físico ruim. “Em geral, o paciente asmático confunde seus sintomas. Ele faz exercício, tem falta de ar e acha que é por causa da asma. Mas é porque ele não tem condicionamento físico, pois nunca permitiram que ele fizesse nenhuma atividade”, comenta o alergista.

Entre os benefícios que o esporte pode trazer para o asmático, está o fortalecimento da musculatura respiratória, melhor capacidade aeróbia e também a recuperação e broncoespasmo menores que o normal, trazendo bem-estar.

A prática esportiva ideal também não existe, mesmo que alguns esportes sejam menos asmagênicos (mais provocadores de crises) que outros. “A escolha de uma atividade física deve ser feita de forma que a pessoa goste e tenha aptidões para isso. Sendo assim, pode-se escolher qualquer esporte, como corrida, ciclismo e natação”, diz Arap.

A partir do momento que um asmático começar a realizar atividades físicas, alguns cuidados também terão que ser levados em conta. Antes da prática dos exercícios, cerca de 15 minutos, o portador da doença deverá usar um spray broncodilatador de curta duração, que irá ajudar na respiração e na melhora de performance.

Para praticar um esporte, o asmático deve se preocupar com a sua saúde antes de tudo, consultando um médico e checando se este é o momento certo para iniciar uma prática esportiva. Caso o portador do problema não visite o médico, se automedique e tenha crises frequentes, o esporte poderá trazer malefícios para sua saúde.