Ao longo dos anos, Oleg Tinkov, temperamental proprietário da Tinkoff-Saxo, cultivou relacionamento instável – ora cordial, ora conflitoso – com o norueguês Bjarne Riis, antigo dono e dirigente da equipe até a última terça-feira.
Três anos atrás, Tinkov – que era patrocinador principal da Tinkoff-Saxo – ao descrever sua relação com o então proprietário Riis (vendeu a equipe em dezembro de 2013) disse que era parecida com a que tinha com a própria mulher. Eram, na opinião do russo, dois casos de personalidades diferentes que combinavam, no fim das contas.
Essas personalidades combinadas comandaram a Tinkoff-Saxo até o dia 24 de março, quando Tinkov – em meio à crise técnica em sua equipe, que venceu apenas duas etapas em 2015 – demitiu seu dirigente mais importante.
Crise
Motivos? A seca de vitórias explicaria a decisão, mas não foi isso, de acordo com a equipe. “Riss não foi suspenso do seu papel ativo devido à falta de resultados ou por motivos financeiros”, disse o comunicado que anunciou a demissão. “Qualquer decisão formal a respeito de qualquer membro da equipe – se tomada – será comunicada no momento apropriado. Até lá, não haverá comentários sobre o assunto”, continua o documento.
A versão de que resultados pouco ou nada teriam a ver com a queda de Riis pode parecer apenas discurso oficial. Fontes de dentro da equipe, segundo o site Cycling News, porém, apontam que de fato os motivos seriam outros.
Ao final de uma etapa do Tirreno-Adriático, o diário esportivo francês L’Equipe informou que Tinkov havia repreendido fortemente Riis depois de o espanhol Alberto Contador ser derrotado de maneira contundente pelo colombiano Nairo Quintana.
Tinkov estava, de fato, possesso depois da derrota de seu principal ciclista. O que mais lhe irritou, porém, foi um acontecimento aparentemente banal, mas que simbolizou, na visão de Tinkov, um padrão de comportamento preocupante de seu dirigente mais importante. Ao questionar onde estaria Riis em tão delicado momento para a Tinkoff-Saxo, Oleg Tinkov foi avisado que o dirigente estava jantando. Um jantar, na visão do russo, fora de hora e prolongado demais, que irritou o Tinkov, fazendo o empresário questionar o comprometimento de seu funcionário mais importante. Ainda segundo o site Cycling News, que afirma, que o descontentamento de Oleg com a forma como a equipe vinha sendo geria já vinha de tempos.
Ainda segundo Cycling News, um membro não identificado da equipe aponta que Riis – que deixou vendeu a Tinkoff-Saxo para Tinkov no final de 2013, ainda se comportava como dono do time. Oleg, após dar liberdade demais a Riis, teria se sentido traído pelo comportamento do ex-dono. “Se tem uma coisa que uma coisa que ele odeia é ser feito de idiota. Isso mexe com todas as suas fobias e reacende todos os esteriótipos de homem de negócios estúpido da Rússia”.
Outros problemas
A postura displicente e arrogante de Riis teria sido o estopim da demissão, mas não foi tudo. Outras questões vem a tona a esse respeito também, como o péssimo desempenho dos ciclistas da equipe norueguesa na Paris-Nice e o fraco desempenho do tcheco Peter Sagan em sua carreira na Tinkoff-Saxo.
Tinkov tinha em conta Riis como um dos maiores motivadores do ciclismo profissional. O fraco desempenho de seus atletas, logo, foi visto como sinal da falta de comprometimento do dinamarquês, que, segundo relatos, estaria cada vez mais distantes de seus atletas.
(Fontes: site Cycling News e jornal L’Equipe)
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