“O mundo do ciclismo precisa mudar. Ou muda ou morre, ou talvez siga vagando de escândalo em escândalo por mais uma década, enquanto assistimos equipes surgirem e morrerem”.
Com essas palavras Oleg Tinkov – dono da Tinkoff-Saxo – inicia o texto, publicado em sua página no Facebook, nesta terça-feira, onde comenta, pela primeira vez, a demissão do principal dirigente de sua equipe, o norueguês Bjarne Riis.
Na declaração, o russo critica a maneira de agir de seu antigo funcionário, que define como antiquada, e diz, entre outras coisas, que não há mais espaço para “diretores-estrela”.
As duras palavras são publicadas um dia depois de Riis e Tinkov anunciarem oficialmente que, por mútuo acordo, não mais trabalhariam juntos.
“Os tempos de Sainz (apelido do ex-diretor da equipe, Manolo Saiz), (Johan) Bryneel e Bjarne Riis acabaram. Eles ficaram parados nos anos 2000. E eu não me refiro à questão do doping.”, escreveu Tinkov. “Eles não percebem coisas óbvias e são incapazes de gerir as equipes de maneira moderna”.
Campeão do Tour de France, em 1996, Riis fundou o time, hoje chamado Tinkoff-Saxo, em 1999, logo após se aposentar, e, após 14 anos como dono, o vendeu, em 2013, para Oleg Tinkov que, na época era o principal patrocinador do time.
A venda não afastou logo de cara Riis, que seguiu, até a semana passada como diretor da Tinkoff-Saxo e braço direito do novo dono. Maus resultados, somados à forma de trabalhar de Riis – antiquada, na visão de Tinkov – provocaram o rompimento na parceria.
Novos tempos
“Administrar uma equipe é uma tarefa que vai além de dar instruções de dentro de um carro. A administração também envolve o trabalho chato e monótono de escritório. Os dias dos diretores chatos e meticulosos chegaram”. Tinkov, segundo ele mesmo, está descartando um a um os “novos Riis” que lhe são oferecidos.
“Não precisamos disso. Essa maneira antiquada de pensar não é mais viável. Temos alguns dos melhores ciclistas do mundo, temos uma equipe soberba de treinadores. O ciclismo é um esporte de equipe, lembrem-se. Precisamos de uma equipe inteira com a mesma mentalidade, não de um diretor-estrela. Temos um time de referências no mundo do ciclismo e juntos vamos construir uma grande equipe”.
Crise
Na visão de Tinkov, dirigentes como Riis são símbolos de um ciclismo que tem que mudar. Um ciclismo em crise.
“Essa é a situação, hoje, onde as equipes não têm lucro, apenas despesas enormes que, em outros esportes, seriam impensáveis. As equipes dependem de patrocínio para tudo e esse modelo não é mais viável”, disse Tinkov. “Está aí a origem do doping e dos intermináveis escândalos que colocam uma mancha nesse esporte maravilhoso”.
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