Tradicional foco de interesse do mundo do ciclismo em janeiro, o Tour de San Luis, na Argentina, não será realizado este ano. O governador da província, Alberto Rodríguez Saá, que assumiu o cargo no mês passado, encontrou os cofres vazios e decidiu cortar o apoio ao evento para reduzir gastos. Os organizadores correram atrás de patrocínio privado, mas não obtiveram sucesso. Entregaram os pontos e agora batalham para retomar o Tour em 2018. Mas a Argentina não ficará sem uma grande atração ciclística no começo do ano. Desta vez, os olhos estão voltados para o Tour de San Juan.

A província  vizinha vai organizar a 35ª edição de seu tradicional evento, que pela primeira vez terá categoria internacional, entre 23 e 29 de janeiro. Como se isso não bastasse, a prova foi classificada como evento 2.1. Quatro equipes World Tour participarão: as novas Bahrain-Merida e TJ Sport, a longeva Quick Step e a forte Trek-Segafredo. E não fica por aí. A essas potências somam-se seis equipes continentais profissionais, quatro seleções nacionais e 11 continentais.

O pelotão será encabeçado pelo tubarão siciliano, Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida), que faz parte de um clube de meia dúzia de ciclistas com a “Tríplice Coroa” no currículo: Tour de France (2014), Giro d’Italia (2013 e 2016) e Vuelta a España (2010).

Tom Boonen e Fernando Gaviria vão vestir a camisa da equipe Quick Step na “Estrela dos Andes”, o epíteto da província. O belga venceu quatro vezes a Paris-Roubaix, três Tour de Flandres e já abiscoitou seis etapas do Tour de France, evento do qual faturou a camisa verde em 2007. É considerado um dos maiores “classicômanos” da história.

Gaviria, aos 22 anos, já tem um currículo resplandescente: quatro títulos de campeão do Mundial de Pista: dois na categoria júnior, igual número na elite. Hoje um dos mais rápidos do mundo, o jovem colombiano parece predestinado a fazer história.

Bauke Mollema e Giacomo Nizzolo vão comandar a Trek-Segafredo no Tour de San Juan. O holandês, destaque no último Tour de France, amenizou sua frustração com a conquista da Clássica de San Sebastián. Na França, sofreu uma queda que lhe roubou a possibilidade de lutar pelo pódio. Nizzolo vem de uma temporada respeitável em 2016, com vitórias na Coppa Bernocchi e no Giro del Piemonte. O milanês vai completar 28 anos um dia após a conclusão do Tour de San Juan, e quer comemorar uma conquista enquanto come o bolo.

A equipe chinesa TJ Sport, que nada mais é do que a Lampre-Merida com novos nome e patrocínio, visita o terreno desafiador da província, situada na vertente oriental da Cordilheira dos Andes, liderada pelo português Rui Costa, campeão mundial em 2003, tricampeão da Volta da Suíça, vencedor de três etapas do Tour de France. Darwin Atapuma, colombiano que foi uma das revelações da edição de 2016 da Vuelta a España, e Andrea Guardini, vencedor de uma das etapas do Giro de 2012, fazem companhia ao lusitano.

A competição compreende 891,6 quilômetros em sete etapas, percorridas da segunda-feira, 23 de janeiro, até o domingo seguinte, 29. Haverá oportunidades de triunfos para velocistas, especialistas em contrarrelógio e escaladores. A quinta etapa, por exemplo, tem chegada em Alto Colorado, uma escalada de 14,4km, com ponto culminante a 2.565 metros de altitude. Sai Tour de San Luis, entra o de San Juan no cardápio dos aficionados. O nível continua alto.