A União Ciclística Internacional (UCI) anunciou oficialmente nesta quinta-feira (14) a suspensão dos testes de bicicletas com freios a disco nas provas de ciclismo de estrada do World Tour. A medida atende a um pedido da Associação Internacional dos Grupos de Ciclistas Profissionais (AIGCP), que representa as equipes profissionais e resolveu agir após o acidente do espanhol Francisco Ventoso (Movistar) durante a Paris-Roubaix deste ano, quando o ciclista sofreu um corte na perna supostamente feito pelo freio a disco da bicicleta de outro competidor.
Os primeiros testes com freios a disco no World Tour foram feitos em agosto e setembro de 2015, após autorização da UCI. As equipes tiveram a possibilidade de testar as bicicletas com esse novo equipamento em duas competições à sua escolha. De acordo com a UCI, a autorização ocorreu após “discussões profundas” com representantes do meio e foi estendida a ciclistas de todas as categorias profissionais do ciclismo de estrada, que poderiam usar esses freios em 2016 sob monitoramento da entidade ao longo do ano.
Em nota sobre a suspensão, a UCI prometeu manter consultas a esse respeito por meio de sua Comissão de Equipamentos, que reúne representantes de equipes, pilotos, mecânicos, fãs, comissários e representantes da indústria da bicicleta, “reafirmando sempre que a segurança dos pilotos sempre foi e permanece sendo sua absoluta prioridade”.
A Associação dos Ciclistas Profissionais (CPA) alega que vem pedindo a suspensão dos testes com freios a disco “há meses”. “Temos conversado a respeito dos riscos embutidos no uso de freios a disco há meses e mandamos cartas para a UCI e para os organizadores para evitar esses riscos. Agora finalmente ouvirão nossa voz”, diz Laura Mora, assessora de imprensa da CPA.
“É sério que ninguém pensou que são perigosos? Que cortam, que são autênticas facas gigantes?”, indagou Ventoso, em carta aberta divulgada pela equipe Movistar.
Ventoso relata que Nikolas Maes, da equipe Etixx, também sofreu um “talho profundo” no joelho, que teria sido causado por outro freio a disco. “Tive sorte. Foi na perna, só músculo e pele. Vocês imaginam um disco numa jugular, numa (veia) femoral? Não: melhor não imaginar”, relatou o ciclista da Movistar.
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