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Candidatos ignoram encontro sobre mobilidade

Atualizado em 26 de setembro de 2016

O Encontro Sobre Mobilidade dos Candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado nesta quinta-feira, 22 de setembro, no Cine Belas Artes, não foi prestigiado pelos candidatos que despontam como favoritos à vitória no pleito. Alegando outros compromissos, quatro dos cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas não compareceram. Ricardo Young (Rede) e Altino Prazeres (PSTU) foram os únicos que se sentaram na Sala 2 do Belas Artes para expor suas ideias. Marta Suplicy (PMDB), por sua vez, não compareceu e não enviou representante.

João Doria (PSDB) enviou como representante Soninha Francine, que é candidata ao cargo de vereadora. Celso Russomanno (PRB) delegou a missão a Luis Orro, assessor para assuntos ambientais e de transporte do candidato, ao passo que Fernando Haddad (PT) foi representado pelo secretário de transportes da atual gestão, Jilmar Tatto. Luiza Erundina (PSOL), chegou cedo, mas se ausentou pouco depois. Pediu ao mediador, o jornalista Leão Serva, para utilizar seus nove minutos para discursar, alegando que teria que se deslocar para um outro compromisso em seguida. Foi atendida.

Perante a um público formado, em boa parte, por ciclistas, Soninha declarou que os pronunciamentos de Doria sobre a redução de velocidade máxima permitida nas marginais não estão sendo devidamente interpretados.

“Queremos que seja fixado um limite adequado para cada via. Não somos contra a redução de velocidade em todos os locais. Consideramos até que a velocidade de 50 km/h abaixo do Minhocão (General Olímpio da Silveira, Avenida São João, Amaral Gurgel) é até muito alta”. O nome da coligação liderada por Doria é “Acelera, SP”.

Orro falou bastante sobre a necessidade de reformar calçadas. “Queremos envolver a iniciativa privada na reforma de calçadas, porque caminhada é um modal de transporte valorizado, que envolve turismo e segurança”, disse o assessor de Russomanno. Outro esboço de ideia da candidatura é oferecer incentivo relacionado ao IPTU para que os proprietários de imóveis se encarreguem de reformar calçadas.

Tatto defendeu a redução de velocidade nas marginais, citando números que demonstram a redução das vítimas do trânsito em São Paulo, atendendo a uma determinação lançada pela ONU sobre mobilidade. Além disso, defende a ampliação da rede cicloviária.

“Quando o Haddad assumiu o cargo, São Paulo tinha 63km de ciclovias. Ao final deste mandato, estaremos perto de 500km. Dizem que existe buraco na ciclovia hoje. Antes não era possível dizer isso, porque não existia nem ciclovia”, ironizou.

Erundina, em seu curto discurso, abordou alguns pontos referentes à mobilidade. “A redução da velocidade é primordial. A cidade é para as pessoas. Queremos uma cidade mais humana. Precisamos consertar e conservar calçadas, para evitar acidentes, sobretudo com idosos. Precisamos também controlar emissões de poluentes. Queremos ônibus movidos a energia elétrica, solar. Vamos acabar com os ônibus a diesel!”.

Altino, presidente licenciado do sindicato dos metroviários, defende a ênfase de investimento em transporte metroferroviário para melhorar a mobilidade urbana em São Paulo. “Na Rússia, 81% das viagens é feita em transporte metroferroviário. No Brasil, que acatou planos dos norte-americanos, que queriam mercado para a sua indústria automobilística, 60% das viagens é feita sobre pneus. Apenas 24% das viagens é realizada em transporte metroferroviário. Nem mesmo os norte-americanos, que nos empurraram carros, exageraram tanto. Nos EUA, 43% das viagens é feita em transporte metroferroviário. Apenas 33% das viagens é realizada sobre pneus”.

Young ponderou que a ampliação da rede cicloviária se deve à pressão dos cicloativistas. O candidato da Rede defende a reformulação do transporte público. Em São Paulo, gasta-se muito com subsídios transferidos aos proprietários de viações. “A próxima licitação será por 20 anos, prorrogáveis por outros 20. Vamos entregar o transporte público aos mesmos grupos que o exploram hoje?”.