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O fotógrafo paulista Felipe Baenninger, que na próxima segunda-feira faz 28 anos, está a caminho de João Pessoa, na Paraíba. Ele poderia ser apenas mais um paulista de férias no Nordeste, curtindo uma praia. Mas a maneira como ele chegou até a região não é nada convencional: ele foi de bike. E tem sido assim desde 1º de junho de 2013, quando ele resolveu sair de São Paulo e do emprego de fotógrafo para dar a pedalada inicial do Projeto Transite, uma aventura com objetivo de cruzar o País em cima da magrela e registrar a relação dos brasileiros com a bicicleta. Até o momento, foram mais de 20 mil km pelo Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte.
Felipe conta que a ideia de por os pneus para rodar começou depois que ele passou a utilizar a bicicleta como meio de transporte e fazer viagens pelo estado. “Eu fui me encantando por este universo do ciclotursimo, e quando conheci o documentário Bicycle Africa (obra dos fotógrafos Stan Engelbrecht e Nick Grobler, que viajaram pela África do Sul registrando os hábitos e a relação das mais diferentes tribos com a bicicleta), e vi que não tinha nada parecido no Brasil, decidi fazer o Transite”.
Transitando
Além do trabalho de documentação fotográfica, que Felipe disponibiliza no site e nas redes sociais do Transite, a experiência em cima da bicicleta o colocou frente a questões que vão além do cicloturismo, como o urbanismo e cidadania. “Em muitas cidades em que passei, a bicicleta é o principal meio de transporte e o mais acessível. A bicicleta é algo muito simples. Não é preciso inventar a roda para ir atrás do que é necessário fazer para melhorarmos as condições de quem pedala aqui. Uma das coisas que eu mais gosto de fazer na viagem é ouvir as pessoas que pedalam, do pedreiro ao atleta. Eles sofrem de problemas parecidos, como a falta de respeito dos motoristas, poucas ciclofaixas e estrutura na cidade”.
Obstáculos para desviar
O ciclista documentarista ressalta que tem encontrado muitas pessoas hospitaleiras pelo caminho, que oferecem ajuda como alimentação e hospedagem, além de reparos na bike. E até mesmo quem torce o nariz no início, mas ao saber das histórias e aventuras do Projeto Transite acaba oferecendo apoio. Além de algumas economias, o fotógrafo também conta com um site de financiamento coletivo, onde vende antecipadamente o livro que ele vai organizar ao fim da viagem.
Só que mesmo com tanta ajuda, há muitos apuros, que Felipe tenta desviar com muito espírito esportivo, como o perigo constante nas estradas. “Eu me sinto um sobrevivente. Pedalar nas rodovias brasileiras é muito perigoso. O carro foi inserido em nossa sociedade para correr, e eu acho péssimo, pois forma maus motoristas, que não respeitam outras formas de transporte”. Por precaução, Felipe só pedala de dia e não se envolveu em nenhum acidente até o momento.
O criador do Projeto Transite também se diz otimista com o crescimento da cultura da bike no país, e no crescimento do debate sobre o ciclo ativismo. “Eu vejo que a questão da bicicleta vem ganhando força no Brasil. Há 15 anos, não se falava quase de políticas para a gente, e nós temos uma frota de mais de 70 milhões de bikes. O poder público também vem se mexendo por conta da pressão dos cidadãos, que conquistaram esses avanços. Em SP, não há prefeito herói. O político precisa ouvir o que a população quer para sua cidade e ir atrás de meios para viabilizar”.
Conheça mais sobre o projeto acessando o site do Transite.
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