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Em seu livro Nascido Para Correr, o jornalista estadunidense Christopher McDougall diz que “toda manhã na África, no momento em que uma gazela acorda, ela sabe que precisará correr mais que um leão, ou morrerá. Toda manhã na África, no momento em que um leão acorda, ele sabe que precisará correr mais que uma gazela, ou morrerá de fome. Não importa se você é o leão ou a gazela, ao nascer do sol, é bom que esteja correndo”. O fato é que o sol nasce para todos, e às 7 horas do próximo dia 15 de março, uma horda com 1.200 mountain bikers, divididos em 600 duplas, também correrá ao amanhecer na África. Diferentemente dos animais da savana, no entanto, eles terão como objetivo “sobreviver” para completar uma das mais difíceis e importantes ultramaratonas de MTB do planeta, a sul-africana Absa Cape Epic.
ENERGIA PARA AS ULTRAMARATONAS DE MTB
Desde sua primeira edição, em 2004, a prova ocorre no Cabo Ocidental da África do Sul, província localizada na parte sudoeste do país e que tem como capital a Cidade do Cabo. É nessa província que se encontra a principal região produtora de vinho do país, além do famoso cabo da Boa Esperança, ponto de encontro entre os oceanos Índico e Atlântico, que foi rota estratégia da Europa para o Oriente no período das grandes navegações. este ano, o percurso contará com trechos inéditos e outros já conhecidos, que irão explorar trilhas e montanhas ao redor da Cidade do Cabo. No total, são oito dias de competição e 718 km com 14.850 metros de ascensão, que contemplam de subidas técnicas a descidas íngremes, de estradões empoeirados aos mais belos single tracks da região.
Atletas de vários países – amadores dedicados em sua grande maioria – enfrentarão o desafio em meio à natureza selvagem com seus perigos e surpresas. E em alguns casos, a natureza pega pesado: em 2011, o mountain biker sul-africano Evan Van Supy foi atingido por uma espécie de antílope, um bubálo-vermelho de estimados 140 kg, e o vídeos virou hit na internet, com mais de 14 milhões de visualizações. Atleta e animal passam bem, mas à época Supy não pôde completar a prova por conta de dores de cabeça – no acidente, o capacete rachou – e a necessidade de fazer exames preventivos.
Uma das mais duras (e belas) do planeta
Somente pela extensão das etapas, que variam de 68 a 135 km por dia – mais os razoáveis 23 km do prólogo que define a ordem de largada da primeira etapa -, a Cape Epic já poderia ser considerada, no mínimo, uma competição extenuante mesmo para os atletas profissionais. Porém, são suas peculiaridades que a fazem uma das provas mais duras do planeta. No desafio, os competidores enfrentam dias secos com temperaturas que chegam aos 35°C, escaladas longas e inclinadas sobre terreno muito técnico – onde até mesmo a elite chega a empurrar -, descidas velozes e pedras pontiagudas que causam um festival de furos – mesmo que 98% do pelotão utilize pneus sem câmara (tubless), mais resistentes -, além de etapas com mas de 3 mil metros de ascensão e seis horas de duração – para amadores, chegam a durar mais de dez horas. ainda assim – ou por isso mesmo -, ela também é uma das competições mais difíceis para se conseguir vaga. Um dos motivos é certamente o visual incrível da prova, que chega a “anestesiar” os competidores, fazendo-os em muitos momentos esquecer as dores e o sofrimento, que sem dúvida é recompensado pela experiência inesquecível de correr a Cape Epic.
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