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A atleta paulista de MTB Viviane Favery está de malas prontas para um novo desafio na carreira: aos 29 anos, a atual campeã da Brasil Ride, ao lado da goiana Raiza Goulão, se tornou a primeira brasileira a assinar com uma equipe europeia. Em 2016, Vivi, que defendia a Specialized, vestirá a camiseta da alemã ROSE Vaujany Fueled by Utrasports. Enquanto treina no Brasil, para a primeira competição no ano, a Costa Casablanca Race, na Espanha (de 28 a 31 de janeiro), Vivi, em exclusiva para o Prólogo, falou da proposta inédita, que muitas atletas tentaram, como sua técnica, Adriana Nascimento, do que espera para a temporada e, também, de uma segunda vaga olímpica para o Brasil no Rio 2016 no mountain bike, caso as brasileiras consigam bons resultados até o fechamento do ranking da União Ciclística Internacional (UCI) em maio.
Qual é a sensação de ser a primeira brasileira a assinar com uma equipe europeia? O que você espera de crescimento profissional e pessoal com essa experiência?
A sensação é de alegria e vontade de aprender e crescer no esporte. Ao mesmo tempo em que me sinto honrada por abrir essa porta, tem o peso da responsabilidade também. Quero deixar um legado dessa oportunidade para outras atletas, independentemente dos resultados que obtiver ao longo deste ano. A minha expectativa é de evoluir muito no quesito técnico (manuseio/pilotagem) por meio da convivência com meus companheiros de equipe, e, claro, melhorar minha forma como um todo.
Quanto ao lado pessoal, espero fazer novas amizades e conhecer novos lugares do mundo. Vai ser duro não ter meu namorado presente comigo durante todas as viagens. Além de namorado, o Loris é meu sócio. Temos um projeto ligado ao ciclismo, com objetivo de fomentar o crescimento do nosso esporte no país. Minha experiência na Europa também visa somar conhecimento para esse nosso trabalho. Acho que essa parceria, que vai além do lado pessoal, vai nos ajudar a superar a saudade.
Seu primeiro desafio na nova equipe será no Costablanca Bike Race, na Espanha. Como tem sido sua preparação e o que já pode notar de diferente entre o que fazemos aqui e o que se pratica na Europa?
Não tem sido uma preparação convencional, como costumo fazer para grandes competições. Essa prova é um aquecimento para o que temos pela frente, uma oportunidade de a equipe se entrosar e de eu passar mais tempo com a suíça Nathalie Schneitter, minha parceira de ultramaratonas em 2016. Então, não posso dizer que estou treinando especificamente para ela. O grande foco da temporada é o Mundial de Maratona, em junho, na França. Não temos pressão por resultado na Costablanca. O compromisso principal é em fazermos uma boa prova e nos divertimos, sem quedas, lesões ou atritos, de maneira que, no final, fiquemos com um gostinho de “quero mais” e, assim, possamos planejar com bastante motivação a próxima grande ultramaratona em dupla.
Como ainda estou no Brasil, ainda não pude ver todas as diferenças, mas pelo contato que já tive com a equipe ROSE, a maior diferença daqui com a Europa não está nos treinos, e sim na relação dos europeus com a bicicleta. No Brasil, o ciclismo não é um esporte valorizado. É comum lidarmos com motoristas raivosos por terem que compartilhar a estrada conosco (e também com a falta de informação sobre regras de ciclismo e conduta no trânsito por parte dos próprios ciclistas), e temos grandes dificuldades de conquistar a atenção do poder público para a manutenção de trilhas de mountain bike, bem como manter articulação com outras comunidades que compartilham dos mesmos interesses, como a do JEEP, quadriciclos, motocross e praticantes de trekking.
Qual calendário definido para o início do ano?
Faz apenas 10 dias que tomei conhecimento de que pode ser viável conquistar os pontos para abrir uma segunda vaga olímpica no MTB. Por enquanto, essa é uma possibilidade paralela aos objetivos traçados entre a minha equipe e eu para 2016. Mas vale lembrar que, se a segunda vaga for aberta, dificilmente seria eu a pessoa a assumi-la. Quando penso em Olimpíadas, penso em Tóquio 2020, em fazer um ciclo, me preparar da melhor forma possível para a modalidade Cross Country Olímpico (que hoje não é meu foco) e de realmente caçar, desde o começo, pontos para termos a segunda vaga garantida com mais antecedência.
Além da Costablanca, ainda vou competir, no primeiro semeste, no CIMTB Araxá, na XCO Albstadt (Alemanha), na XCO La Bresse (França), na XCM Lessaic (França) e na XCO Nove Mesto (Itália).
Você e a Raiza Goulão venceram a Brasil Ride, uma ultramaratona pra lá de desafiante. Vocês conversam sobre como se preparam?
A Raiza se tornou uma irmã pra mim e me importo com ela como se fosse uma. Conversamos sobre tudo, incluindo treinos, dieta, etc. Não a vejo como concorrente. E no nível que ela está não há nenhuma outra atleta no Brasil (e eu me incluo nisso). Ela é a 18ª no Ranking da União Ciclística Internacional (UCI) porque ela merece. É fruto do talento e trabalho que ela tem feito. E, mesmo pensando em 2020, acho que quem estiver mais bem preparada assumirá a(s) vaga(s), e isso pode ser nós duas ou nenhuma de nós. Até lá, espero que surjam outras atletas fortes, com potencial para concorrerem por um lugar na Olimpíada. A única forma que eu vejo a Raiza como uma adversária é caso ela decida fazer o Campeonato Brasileiro de Maratona, para o qual ela, sem dúvida, seria a grande favorita. Mas, se isso acontecer, seria em 2017, e eu espero, até lá, ter aumentado bastante meu nível no pedal. Mesmo assim, não vejo as adversárias como algo a ser superado. Pra mim, os obstáculos são os meus e o resultado é e sempre será uma consequência.
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