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Todo ciclista de estrada sofre de anorexia ciclística, doença que faz com que ele olhe para sua bicicleta e sempre ache que ela está acima do peso ideal — mesmo que ela seja mais leve do que o limite mínimo imposto pela União Ciclística Internacional (UCI), que é de 6,8 kg. Há algum tempo, no entanto, outro assunto tem entrado na pauta das conversas entre ciclistas à beira da estrada entre um pedal e outro: a aerodinâmica. Surgiu então a questão sobre qual seria o melhor investimento para tornar a bike mais veloz.
Menos atrito
Para responder a essa questão, vários testes têm sido realizados com o objetivo de avaliar o quanto rodas, capacetes, quadros, roupas e até os pelos das pernas do ciclista podem influenciar a aerodinâmica de uma bike. Alguns deles foram feitos pela marca norte-americana Specialized, em seu túnel de vento em Morgan Hill (Califórnia, EUA), comparando equipamentos convencionais e aerodinâmicos para saber quanto tempo se ganharia em termos de performance simulando um contrarrelógio de 40 km a uma velocidade de 50 km/h. Nesses testes, os quadros aerodinâmicos se mostraram 59 segundos mais rápidos que os convencionais, enquanto a vantagem foi de 34 segundos entre as rodas e de 42 segundos entre os capacetes. No que diz respeito ao ciclista, as roupas justas apresentaram uma vantagem de 40 segundos em relação a roupas mais largas. Já as pernas raspadas — quem diria — proporcionaram um ganho médio de 70 segundos.
Menos peso
Para avaliar a influência do peso da bike no desempenho, foi simulada a seguinte situação: duas bicicletas com uma diferença de 1,45 kg, pilotadas por ciclistas de 68 kg, pedalando a 24 km/h e gerando uma potência de 500 watts. Nesse cenário, no qual o peso da magrela representa pouco mais de 2% do total do conjunto ciclista/bicicleta, a diferença de desempenho só aparece em inclinações acima de 10% (conforme demonstra o gráfico). Nesse ponto, o ciclista com a bicicleta mais pesada gasta 10 watts a mais de força para manter a mesma velocidade que o outro. Uma economia de 10 watts, no entanto, não é tão significativa, mas a vantagem tende a crescer conforme aumenta a inclinação. Para dar um exemplo mais prático, se tirarmos 1,3 kg da bicicleta e mantivermos uma potência constante de 200 watts, a diferença ao final de uma subida de 1,6 km com 7% de inclinação será de 7,5 segundos.
Custo-benefício
Sejam mais leves ou mais aerodinâmicos, o custo de equipamentos e componentes desse tipo costuma ser mais caro, de modo que é preciso analisar bem o benefício para ter um retorno à altura do investimento. Um ponto fundamental nessa análise é o tipo de provas que você pretende correr. Uma bike mais leve pode lhe dar vantagem em percursos com muitas subidas longas e íngremes (acima de 10% de inclinação), ao passo que a bike aerodinâmica será mais eficiente em percursos predominantemente planos — isso se você pedalar a uma média de no mínimo 30 km/h, pois abaixo dessa velocidade o ganho aerodinâmico não é significativo. A escolha pode ser ainda baseada em suas deficiências — se você tem mais dificuldade em manter um bom ritmo no plano ou na subida. Também é preciso lembrar que componentes mais leves — principalmente quadro e rodas — tornam a bike menos rígida e, consequentemente, menos reativa a acelerações mais rápidas.
Por Daniel Balsa
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