Participando pela primeira vez de um Campeonato Mundial de Paraciclismo, a equipe do Gana aproveitou o evento para se familiarizar com grandes competições, das quais pretende participar frequentemente daqui para a frente. O técnico Shaaban Mohammed treina Frederik Assor e seu piloto, Rudolph Mensa, para correrem na categoria B (de blind, que significa cego em inglês).
Fizemos algumas perguntas para o trio, logo após sua participação nas primeiras qualificatórias da prova de tandem no Campeonato Mundial de Paraciclismo, que terminou no último domingo (25) no Rio.
VO2: Há quanto tempo vocês pedalam?
Frederik: Desde 2011, quando começamos a pedalar juntos na estrada. O Mundial é apenas nosso segundo evento de pista, antes disso só tínhamos pedalado no velódromo de Manchester, na Inglaterra, para conhecer como era.
Fiquei sabendo que a bicicleta que vocês trouxeram é nova.
Frederik: Sim, acabou de ser comprada pelo governo de Gana, é a primeira do tipo (tamden, que leva duas pessoas) do país. Antes dela, usávamos uma bicicleta que tinha sido doada pela equipe dinamarquesa, com algumas adaptações que nós mesmos fizemos. Aqui, durante a prova de sprint, os australianos nos doaram uma mesa, e os ingleses nos deram um pedal.
Não testamos a da competição antes de pedalar com ela no velódromo da Barra, ela veio da fábrica direto para cá.
Perfis paraciclistas: Marcia Fanhani e Taise Maiara, Brasil
>> E vocês gostaram dela?
Frederik: Muito! É 100% melhor do que a que tínhamos antes (risos).
>> O que significa representar Gana no Campeonato Mundial?
Shaaban: É tudo para nós, uma grande oportunidade e um ótimo incentivo para tentartarmos chegar às Paraolimpíadas de Tóquio em 2020.
Frederik: Não fico triste por não estarmos vencendo, pois os que estão vencendo estão treinando há anos, enquanto nós apenas começamos. Estamos no começo da escada, ainda temos que subir muitos degraus.
>> Estar no mundial é mais trabalho ou mais diversão?
Frederik: Mais trabalho, com certeza, é preciso trabalhar muito duro.
>> Como você ficou cego?
Frederik: Fiquei cego de repente, em 1994. Estava no último ano da escola, fazendo meus exames finais, e de repente não conseguia mais enxergar. É como se houvesse algo preto cobrindo meus olhos, até hoje ninguém conseguiu diagnosticar exatamente o que aconteceu.
>> Vocês se sentem uma inspiração para outras pessoas?
Shaaban: Com certeza. Somos uma inspiração para todas as pessoas da África. Todos na África estão orgulhosos de Gana, pois estamos mudando as opiniões sobre pessoas com deficiência, especialmente cegos. Em breve vamos organizar uma competição para ciclistas com deficiência física em Gana. As podem ter limitações físicas e ainda assim serem ótimas atletas.
>> As pessoas te olham diferente porque você tem uma deficiência?
Frederik: Olham, mas diferente de um jeito bom. Pois após ficar cego, ainda conseguir terminar meus estudos, fiz faculdade em Gana e mestrado na Dinamarca. As pessoas me vêm de um jeito positivo, pois mesmo cego sirvo de inspiração.
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