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O norte-americano Mark Thomas, 57, é um apaixonado pelo ciclismo de longa distância, especializado em randonneurs, provas de pelo menos 200 km. Ao longo de sua carreira ciclística, ele já completou 52 provas de 1.200 km em vários países do mundo.
Mark chegou ontem (23/04) no Brasil para participar do Randonneurs Mogi das Cruzes, evento que cobrirá 1.300 km partindo de Aparecida (SP) e passando por Minas Gerais e Rio de Janeiro. Ele participará de um bate-papo com outros ciclistas na bicicletaria Velodrome, em São Paulo, antes de viajar para Aparecida para a largada, que acontece no dia 27/04.
Conversamos com Mark para ouvir sua história e saber sua expectativa em relação ao seu primeiro pedal no Brasil. “A companhia aérea perdeu minha bike, o que não é o melhor começo para esta aventura, mas dizem que ela chega amanhã”, comentou. Confira a conversa:
>> VO2 Bike: Por que você é apaixonado pelas longas distâncias?
Mark Thomas: Não sei exatamente porquê. Quando eu tinha 30 e poucos anos, estava trabalhando em um escritório de advocacia, sentado à mesa o dia inteiro, acima do peso. Comecei a pedalar e vi que gostava de longas distâncias, que são quase como uma meditação, gosto de ir longe, gosto da quietude. Fiz alguns randonneurs em Seattle e depois pelo mundo. Não tenho um passado de corridas, apenas gosto de randonneurs, é praticamente o único tipo de ciclismo que pratico.
>> Você usa a bicicleta para deslocamentos menores?
Sim, também pedalo distâncias curtas pela cidade, gosto de pedalar em qualquer situação. No ano passado rodei mais quilômetros na minha bike do que no meu carro (risos).
>> Por que decidiu vir participar do Randonneurs Mogi das Cruzes?
Já pedalei grandes distâncias em muitos países, gosto de conhecer os lugares desse jeito, pois ao mesmo tempo faço algo familiar, que é pedalar, e algo novo, que é descobrir o país.
>> Em quanto tempo pretende concluir o trajeto?
O tempo limite para o 1.300 de Mogi é de 108 horas, e acredito que levarei quase esse tempo todo. É um percurso muito desafiador.
>> Você prefere pedalar sozinho ou na companhia de outras pessoas?
Gosto de pedalar com outras pessoas, mas é imprescindível gostar de pedalar sozinho se você gosta de fazer randonneurs, pois é o que acaba acontecendo na maior parte do tempo.
>> Sente dificuldade para se comunicar com as pessoas ao longo do caminho, em línguas diferentes?
Tive sorte em relação à barreira de línguas. Algumas vezes surgem dificuldades, mas tudo se resolve com gentileza e muitos sorrisos.
>> O que você considera sua maior conquista ciclística?
No ano passado concluí 10 randonneurs de 1.200 km em um ano, algo que nunca tinha sido feito antes. Fiz três nos Estados Unidos, um na Nova Zelândia, um na Austrália, um na Coréia do Sul e alguns na Europa.
>> Que dicas daria para quem tem interesse em começar a explorar o ciclismo de longa distância?
Minha primeira dica é gostar de pedalar. As pessoas não pensam nisso, acham que vão simplesmente fazer a prova para concluir um objetivo, e não levam em consideração que pedalar 20 km ou 30 km e pedalar por 1.000 km são coisas muito diferentes. Tem que ser divertido, você tem que gostar. A segunda é comer. Não dá para achar que você vai pedalar 1.000 km sustentado por duas barrinhas de energia. É preciso comer comida de verdade. Já ouvi algumas pessoas dizendo que randonneurs são competições de comida disfarçadas de pedal (risos). A terceira é estar confortável na sua bike. Recomendo testar a bicicleta em distâncias mais curtas antes, fazer um bike fit profissional e praticar muito.
>> Que bicicleta você usa?
A bicicleta que costumo levar em viagens é uma Gran Paradiso Titanio da Hampsten, uma marca de Seattle, perto de onde eu moro nos EUA.
>> Que equipamento considera mais importante?
Quando estou pedalando em lugares desconhecidos, o equipamento que acho mais importante é meu GPS, para saber exatamente onde estou – ou ter os mapas baixados no meu telefone. Se estou pedalando em casa, o mais importante é ter água e frutas comigo.
>> Você costuma acampar durante os randonneurs? Ou prefere pousadas?
Geralmente fico em hotéis, pousadas ou o que estiver disponível. Quanto mais confortável, melhor.
>> Quanto tempo pedala por dia durante as provas?
Não sou um ciclista veloz por nenhum parâmetro, mas tento ser eficiente enquanto estou pedalando, pois penso que o tempo que eu economizo pode ser gasto dormindo. Tento passar as noites fora da bike, e durmo cerca de cinco ou seis horas por noite. Diria que pedalo, em média, 16 horas por dia.
>> Já teve problemas sérios durante alguma prova?
Já houve provas que eu não concluí, por estar doente ou pelo tempo estar muito ruim. Também não rendo muito se há calor extremo, então sei que nestas situações tenho que planejar meu pedal com ainda mais cuidado.
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