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Principal local de treino de ciclismo da cidade de São Paulo, a Ciclovia Rio Pinheiros foi parcialmente interditada às vésperas da capital receber uma competição da franquia Ironman pela primeira vez. A área entre as pontes Cidade Universitária e Jaguaré foi fechada no fim de outubro, a 15 dias da competição, e deve permanecer assim até a última semana de novembro.
O trecho de aproximadamente 2,5 km foi interditado em 25 de outubro para a realização de obras da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMEA) nas margens do Rio Pinheiros – a obra não é feita na ciclovia, mas a EMEA utiliza a pista para o armazenamento e manipulação de materiais e o tráfego de tratores e outros veículos pesados.
A expectativa é que a pista seja liberada apenas em 25 de novembro, aproximadamente duas semanas após o Ironman 70.3 de São Paulo, anunciado em março e que teve todas suas inscrições vendidas em menos de uma semana. A prova, com 1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida, será realizada em 10 de novembro.
Com isso, os atletas, que costumam rodar dezenas de km por dia de treino, acabam concentrados em um trecho de aproximadamente 5 km de pista simples em cada sentido, o que aumenta o risco de colisões, sobretudo em manobras de ultrapassagem. A má conservação da pista, o tráfego de carros de serviço da CPTM, e a presença no local de fezes das capivaras que vivem no Rio Pinheiros são outros agravantes.
“Está impossível de pedalar em horário de pico, não dá para treinar. Fica bem difícil e bem perigoso”, diz Guilherme Gil, triatleta e treinador da assessoria esportiva Santiago Ascenço. “Como São Paulo não tem nenhum outro local para se pedalar, a ciclovia começou a ficar muito cheia. E com a interdição, aglomerou cada vez mais ciclistas dentro de um espaço muito pequeno. Então o que mais nos afeta é o risco de acidente. Se você for lá, todo dia tem acidente”, completa.
A Ciclovia Rio Pinheiros foi adotada como local de treinamento por ciclistas e triatletas amadores e profissionais nos últimos anos – a estrutura tem pequeno número de acessos, pouca conectividade com o sistema viário e um horário de funcionamento restrito, fatores que dificultam seu uso como solução de mobilidade.
O número de frequentadores do local cresceu depois que a USP restringiu o horário e os dias permitidos para o treino de ciclismo na Cidade Universitária – terças, quintas e sábados, das 4h30 às 6h30 – assim como a proximidade do Ironman 70.3 São Paulo, primeira prova da milionária franquia na maior cidade do País.
Segundo a CPTM, no entanto, o uso esportivo do local é proibido, já que a velocidade máxima é de 20 km/h e se trata de uma “alternativa de lazer e deslocamento para os moradores da capital”.
Os acidentes após a interdição já tiraram, inclusive, inscritos na prova deste domingo. Um atleta que treina com a equipe de Guilherme Gil, por exemplo, colidiu com uma Kombi de serviço da CPTM parada na pista, sofreu fratura nas costelas e não poderá participar da prova.
Nos fins de semana, quando crescem o número de atletas e o de ciclistas utilizando a área para passeio, problemas são ainda mais frequentes. Para evitar casos similares, muitos atletas têm recorrido a treinos indoor.
De acordo com a CPTM, cerca de 2 mil pessoas utilizam o local aos sábados e 2,5 mil aos domingos. Nos dias úteis, são aproximadamente mil usuários.
A Ciclovia Rio Pinheiros foi interditada para reparos nos taludes da margem leste do Rio Pinheiros, em frente à estação Cidade Universitária da CPTM. Segundo a EMEA, o conserto precisava ser feito antes do período chuvoso para prevenir escorregamentos. Questionada se a disputa do Ironman 70.3 em São Paulo foi levada em conta para a definição do cronograma de obras, a empresa disse apenas que “o evento não é realizado na ciclovia”.
Já a CPTM, gestora do espaço, informou que a interrupção do tráfego de ciclistas é uma medida de segurança, já que no local serão utilizados máquinas e equipamentos pesados na execução dos serviços.
Apesar de frequentadores do local relatarem diversos casos de acidentes, segundo a empresa houve apenas um desde a interdição do trecho final da pista, justamente o do atleta treinado por Guilherme Gil e ele “foi causado por excesso de velocidade do ciclista que bateu de frente com um veículo estacionado na pista destinada à circulação de veículos” – mesmo com o local tendo apenas uma pista simples para cada sentido, a CPTM ressalta que uma delas é destinada para carros.
“A diminuição de locais e horários adequados para treinar ciclismo vem dificultando muito o nosso trabalho. Os poucos locais que temos estão a cada dia mais cheios e perigosos e as opções para iniciantes desenvolverem uma técnica básica antes de irem para treinos mais longos e exigentes quase não existem dentro da cidade”, lamenta Lucas Cintra, treinador da assessoria esportiva Deluka.
A Ciclovia Rio Pinheiros tem, no total, 21,5 km, mas grande parte está interditada desde 2013 para a realização de obras da Linha 17 – Ouro do Metrô (monotrilho). Os trabalhos deveriam durar dois anos, mas ainda não há previsão de liberação do trecho.
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