Em minha trajetória de reabilitação de atletas sempre percebi deficiências na abordagem de uma visão mais tradicional. Por isso, me motivava a ir atrás de mais conhecimento e alternativas para chegar à raiz de questões que podem ser causadoras de lesões. Achar que uma tendinopatia ou uma lesão de menisco poderiam ocorrer por sobrecarga parecia uma visão simplista e determinista, fácil de engolir — por isso, nunca fiquei satisfeito.
Logo no início da minha formação busquei entender a relação entre as cadeias musculares, o desenvolvimento neuropsicomotor, o controle motor e as lesões. Por um tempo pareceu suficiente, pois não posso negar que no início com terapia manual e RPG tive bons resultados.
Com o tempo comecei a relacionar o trabalho postural estático com reabilitação esportiva e a Força Dinâmica e tudo se conectou. Ficou mais fácil analisar um corredor e entender a postura de uma forma mais dinâmica.
A visão das cadeias musculares e a análise do controle motor sem dúvida possibilitam traçar estratégias de tratamento. Assim, em certos casos, apenas com orientação, corrigimos a biomecânica de corredores que percebem uma melhora da performance e de dores em um prazo realmente curto.
Mas ainda existiam as questões psicológicas que muitas vezes atrapalham a performance e chegam realmente a causar dores e lesões. A convivência com o acupunturista Rafael Ferreira Pinto, parceiro de clínica, me instigou ainda mais a enveredar por estudos da psicologia. Ele me apresentou seu trabalho da ressignificação da dor física e emocional. Decidimos, então, fazer uma pós-graduação em Medicina Psicossomática.
Durante a pós-graduação desenvolvemos o trabalho que chamamos “A cura pelo hábito”. Durante nossos atendimentos e em workshop para grupos, explicamos como ocorre o processo de somatização de memórias no corpo, a fisiologia, neurofisiologia e psicologia do processo, e ensinamos algumas ferramentas práticas de como lidar com estas questões.
E porque venho contar esta nossa experiência? O fato é que alguns corredores e triatletas têm participado deste processo — estão sendo atendidos pela abordagem psicossomática. Dessa forma, conseguimos acessar e desbloquear questões geradoras de tensões e dores que estavam realmente atrapalhando o desempenho na corrida. Temos recebido um feedback incrível de resultados, como foi o caso da Xan Figueiredo, que estava com grandes dificuldades na corrida do triathlon.
Depois de 2 semanas de tratamento aqui na clínica, com a abordagem psicossomática, mesmo sem ainda corrigir a biomecânica de sua corrida, ficou em primeiro lugar na categoria no último Triday Caixa na USP, o que nos trouxe muita alegria e a certeza de que ainda temos muito trabalho, mas a satisfação de perceber resultados incríveis em atletas sérias e dedicadas como a Xan.
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