Os corredores que hoje consideram ter capacidade para correr uma maratona ou quem sabe até já planejam uma ultramaratona talvez nem lembrem, depois de tanto suor, a época em que alcançaram uma façanha bem mais singela: completar o primeiro quilômetro, dar uma volta inteira num parque ou até mesmo percorrer, correndo, sem parar, todo o quarteirão que habitam.
Fazendo uma rápida pesquisa aqui mesmo na redação do Ativo.com, nem todos os membros da nossa atlética equipe de reportagem conseguem isolar, na memória, esse momento tão importante. Mas fizemos questão de destacar a importância dessas primeiras passadas ouvindo três treinadores, que as comentaram.
O treinador Luís Fernando Dias de Souza, o Nando, da Z Track, encarregou-se de destacar cinco metas importantes que um iniciante deve ter em mente para começar com o pé direito, depois com o esquerdo, o direito de novo, e por aí vai, sem parar, sentindo prazer em correr:
Acordar cedo diariamente é uma meta importante. Ligar o despertador é uma tarefa imprescindível para quem quer, mais tarde, colher os amplos benefícios da corrida, segundo Nando.
Rogério Silva, outro treinador, vinculado à assessoria Ação Total, considera necessário vincular um objetivo para reforçar o nível de comprometimento. “Sem ter um objetivo fica mais fácil dar desculpas. O ideal é que haja uma boa relação entre o praticante de corrida (aluno) e o professor. É necessário conversar sempre para fazer ajustes. Se o objetivo tornou-se fácil é necessário trocá-lo por outro; se está difícil demais, é hora de se propor a alcançar uma meta mais realista para aquele momento”.
Outra corredora que tem muito a dizer sobre comprometimento é Marcia Tabata, idealizadora do grupo de atletas amadores Tabata Runners, da zona norte de São Paulo. “Quando dizem que corrida vicia, é verdade. Depois que fui oficialmente picada pelo bichinho da corrida, não consegui mais abandonar o páreo. Fizesse chuva ou sol, eu estava lá, treinando firme e forte – e evoluindo, consequentemente, para minha alegria. E, com isso, muitas coisas foram melhorando no meu dia a dia: saúde, corpo, humor, energia, disposição, foco, produtividade e vida social”.
Nando, da Z Track, recomenda que se “escute” o corpo, sabendo como ele funciona, para poder aplicar nele técnicas de corridas. O profissional considera importante fazer os exercícios constantemente para saber até onde o corpo aguenta. “Esse limite pode ser meio quilômetro, pode ser um quilômetro inteiro. Que se cumpra esse limite e que se melhore o condicionamento para ampliá-lo”.
Rogério salienta a importância de conhecer o próprio corpo e respeitar os limites. “Quando o corredor se cansa demais ou sente alguma dor, é importante comunicar o treinador, que pode planificar novamente o treino ou indicar exercícios para o fortalecimento muscular”.
Tabata, quando sente dores, trata de tomar providências. “Elas indicam que algo não está legal. Sendo assim, quando meu organismo dá os primeiros sinais, evito exercícios intensos ou opto por atividade física bem leve”.
O treinador da Z Track, Nando, avalia que o corredor só vai começar a entender como funciona o seu próprio corpo verdadeiramente quando passar a percorrer, por várias vezes, o mesmo percurso. “É importante fazer a mesma distância, ter o objetivo de reduzir o tempo, memorizar os procedimentos que contribuíram para essa redução de tempo e repeti-los”.
A respeito desse tópico, Rogério oferece uma perspectiva abrangente. “Suponhamos que uma pessoa atinja o objetivo de correr o seu primeiro quilômetro sem parar em nenhum momento. É interessante que ela mesmo decida qual será seu segundo objetivo. Pode se propor a correr dois quilômetros ou pode se propor a correr o mesmo quilômetro em menos tempo. Alcançar a meta de forma lúdica é motivador”.
Tabata discorre desta forma sobre o autoconhecimento do corredor: “A fase inicial de treinamento deve ser feita com paciência e cuidado, a fim de evitar lesões em um período no qual os músculos, articulações e metabolismo não estão preparados para grandes esforços. A caminhada de duas semanas é muito importante para quem não pratica nenhuma atividade aeróbia, assim como manter intervalos de descanso entre as sessões de treino”.
Nando destaca a importância desse momento. “Uma prova é bem diferente de um treino. É hora de lutar para conter a ansiedade, sentir a adrenalina de participar de algo maior, ir buscar a confiança para realizar aquilo que foi treinado”.
Rogério também considera crucial, na caminhada de um iniciante, a primeira prova. “Se a gente pega um aluno que era sedentário, que nunca praticara atividade física regular, vamos utilizar o tempo como parâmetro. Selecionamos o alvo e o aluno vai persegui-lo. Depois da primeira prova, é importante conversarmos para saber das sensações dele, ter o feedback”.
Tabata, num estágio bem mais avançado do que o inicial, frisa que a inscrição é sempre importante. “Eu diria que, ao se inscrever numa prova, o atleta dá um passo fundamental no que tange à motivação. Eu, por exemplo, me inscrevi numa maratona. Já corri três meias e acho que consigo encarar os 42km. A partir do momento em que me propus a isso e me inscrevi, comecei os treinos para atingir meu objetivo”.
Nando, um adepto da repetição, salienta os benefícios de fazer um bis na experiência da prova. “Com mais confiança e menos ansiedade, o corredor terá tudo para melhorar a performance e será capaz de extrair prazer da atividade”.
Rogério destaca que certos tropeços, comuns em calouros no mundo da corrida, são facilmente superados. Assim sendo, a chance de obter ganho de performance a partir da segunda prova é enorme. “Às vezes a ansiedade impede o corredor novato de descansar direito na noite que antecede a primeira prova. Às vezes esse corredor não vai entender a dimensão de um evento, não será capaz de criar, num primeiro momento, uma logística adequada: se vai de carro, planejar onde estacioná-lo é fundamental. A gente sempre propõe que se repita uma mesma distância. E é sempre bom ponderar aspectos importantes: calor, altimetria. Saber escolher a prova, para quem busca melhora de performance, é fundamental”.
Tabata tenta capitalizar “a sensação de que posso fazer melhor” que sente após estrear em determinada distância. “A primeira prova certamente é o pontapé inicial para firmar nosso autoconhecimento. Geralmente me inscrevo novamente, para repetir um percurso e tentar me superar”.
A cidade de São Paulo foi palco no sábado, dia 9 de julho, do MOV…
A cidade de São Paulo foi palco no domingo, dia 10 de julho, da Eco…
Saiba como você pode melhorar (ainda mais) o seu tempo na meia-maratona
A cidade de São Paulo será palco no dia 10 de julho da Eco Run,…
A Eco Run chegou a Salvador no último domingo, dia 3 de julho, com a…
A Up Night Run é mais do que uma corrida, é a proposta de uma…