Correr em jejum faz mal ou não?

Atualizado em 08 de agosto de 2016
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Praticar atividades físicas em jejum é sempre um assunto polêmico. Muitos defendem que faz mal e pode acarretar vários problemas. Outros são a favor e têm certeza de que a atitude, de fato, influencia na hora de queimar os quilos extras.

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Para o diretor técnico da Lobo Assessoria Esportiva, Rodrigo Lobo, correr antes de se alimentar pela manhã é extremamente danoso. “O organismo reduz sua velocidade de liberação de energia para protegê-lo da falência, principalmente o cérebro, que é alimentado exclusivamente de carboidratos”, explica. Isso quer dizer que faltará forças para a atividade.

Ele defende outro ponto. “A ingestão equilibrada e correta de carboidratos antes da corrida, possibilita que o corredor aproveite melhor seu treino e, consequentemente, gaste mais calorias durante e após o exercício.” Lobo sugere carboidratos de rápida absorção, como o pão branco.

O Especialista em Medicina do Esporte e Diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), Dr. Ivan Pacheco, segue a mesma linha de pensamento. “Todo o exercício em jejum pode causar problemas.” O médico cita as principais evidências. “A hipoglicemia [diminuição do nível de glicose no sangue] pode causar tonturas, desmaios e, até, quedas que podem causar fraturas.”

Já o nutricionista Andre Pellegrini, do Instituto do Atleta (INA), em São Paulo, acredita que o exercício moderado em jejum pode ajudar. “Para um treino leve, auxilia um pouco na perda de peso, mas nunca em um treinamento mais forte”, diz.

Para o nutricionista, “essa é uma forma interessante de adaptar nosso corpo a trabalhar mais eficientemente a gordura como fonte de energia”, conta. É importante controlar a ingestão de carboidratos ao longo do dia, assim, mais gordura será queimada. “Treinar em jejum é uma estratégia adotada durante uma fase do treino de alguns maratonistas e ultramaratonistas, que dependem principalmente de gorduras como fonte de energia e se o corpo trabalhar mais eficientemente”, ressalta.

Contudo, é preciso tomar cuidado com esse treino. “Em jejum, nosso estoque de carboidratos não está muito ‘cheio’, portanto, logo tende a se reduzir a um ponto em que o fornecimento de energia fica comprometido, podendo dar tonturas, muita fome, fraqueza.” O nutricionista concorda com Lobo ao afirmar que treinar sem comer compromete o desempenho. “Além disso, costumamos exagerar nas refeições seguintes, jogando para o alto o controle da gordura que desejávamos com o treino em jejum.”

Segundo Pellegrini, corredores com o pace (minutos que cada um leva para percorrer 1 km) 6min/km não podem fazer mais do que uma hora de exercícios. Os com o pace 4:30min/km, têm, no máximo, 30 minutos.

Ele dá algumas dicas de alimentos que podem ser ingeridos antes dos treinos, sem que pesem durante a atividade:
– Pão branco com recheio magro, como geleia;
– Suco de frutas (evite apenas a laranja);
– Bolo simples (sem cobertura ou recheio);
– Biscoitos doces ou salgados (sem recheio);
– Cereal matinal com iogurte desnatado e mel;
– Banana amassada com cereais e mel.