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Toda pessoa que não está acostumada a correr vai sentir alguma dor muscular após o treino, uma vez que a musculatura não está adaptada aquele esforço. O incômodo pode ser sentido também toda vez que houver uma variação no tipo ou intensidade do exercício. Porém, existem três tipos de dores: a que se sente logo após a atividade, aquela outra que se manifesta entre o primeiro e o segundo dia depois do treino, e, ainda, a dor em decorrência de uma lesão.
Durante muito tempo, acreditava-se que a dor muscular após atividade física mais intensa era causada pelo acúmulo de ácido lático. “Esta substância que fica acumulada nos músculos é metabolizada em poucas horas após o término da atividade, portanto, o ácido lático é apenas responsável pelas dores durante os exercícios ou logo após sua realização”, explica o ortopedista Fabiano Nunes Faria.
Segundo o especialista, este fato também passou a ser interpretado como responsável pela famosa “dor do dia seguinte”, que na verdade é consequência de pequenas lesões naturais nos músculos, chamada de Dor Muscular de Inicio Tardio (DMIT).
“A dor muscular tardia é causada por microtraumas que provocam inicialmente um quadro inflamatório. Após reparar o dano sofrido, os músculos se adaptam ao estímulo do exercício e acabam se tornando mais resistentes”, afirma o especialista.
Isso justifica o fato das pessoas sentirem uma redução da dor com a evolução dos treinos. “Os músculos vão habituando ao novo ritmo e ficando mais fortes em resposta à reparação tecidual, além do organismo promover novos ajustes em outros sistemas, como o metabólico e o cardiovascular, o que gera, entre outras coisas, num aumento do aporte sanguíneo local”, diz o médico.
Apesar de muitos ignorarem essas alertas e manterem seu ritmo de treino, o ortopedista alerta que, antes de voltar a calçar os tênis, é preciso desacelerar as passadas ou esperar o incômodo passar. “O ideal é realizar atividades moderadas ou treinar outros grupos musculares”, diz. Por exemplo, se você correu e no outro dia acordou com dores nas pernas, no dia seguinte procure apenas caminhar ou exercitar os membros superiores. “Medidas simples como essa contribuem para que a reparação do músculo ocorra de forma natural”, afirma.
Além destes quadros de dor, há também aquele que pode ser o princípio de uma lesão mais séria, porém existe uma diferença entre eles. Enquanto que a dor muscular sentida no dia seguinte permite executar qualquer movimento, mesmo com alguma dificuldade, a dor em decorrência de uma lesão impede o movimento das áreas afetadas. “Habitualmente, o pico da dor de adaptação acontece entre 24 e 48 horas, e vai diminuindo progressivamente. Se a dor não tem este padrão ou é de uma intensidade muito forte, podemos ter pela frente uma lesão”, explica.
Caso o incômodo não seja nada grave, Fabiano recomenda compressa de gelo ou banho gelado, pois possuem ação anti-inflamatória. Contudo, se a dor muscular for muito intensa, pode ser considerado o uso de um anti-inflamatório. “Neste caso, porém, é imprescindível que um médico faça a prescrição do medicamento”.
Fonte: Fabiano Nunes Faria, ortopedista do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
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