A força da banana com paçoca de Adriana

Atualizado em 20 de setembro de 2016

A maratonista paulista Adriana da Silva tem uma receita muito potente para chegar forte à sua 2ª Olimpíada: banana com paçoca. A mistura, muito consumida em sua terra natal, a cidade de Cruzeiro, no Vale do Paraíba, acompanha Adriana desde menina – até suas primeiras conquistas. A primeira foi aos 12 anos, quando venceu uma corrida de 5 km com adultos e crianças correndo juntos. E a iguaria também estava na mala em sua última grande vitória, o bicampeonato pan-americano, conquistado em 2015, em Toronto (Canadá). Na ocasião, Adriana herdou o ouro da peruana Gladys Tejeda, que foi desclassificada por doping – o primeiro ouro em Pans foi conquistado na edição de 2011, em Guadalajara (México)

Aos 34 anos, Adriana lidera o ranking nacional de maratona feminina com o tempo de 2h35min28s, feito na Maratona de Nagoya (Japão), e está próxima de garantir sua segunda participação em Jogos Olímpicos. Em Londres (2012) ela foi a 47ª. Se confirmar a vaga para o Rio 2016, que será anunciada em 6 de maio, Adriana quer brigar no pelotão e, quem sabe, beliscar uma medalha.

Em entrevista ao O2porminuto, Adriana detalha sua preparação antes dos Jogos, a preocupação com o clima úmido e quente no Rio em agosto e, claro, revela os momentos que se permite devorar um bom e calórico prato de banana com paçoca (e com açaí incluso).

Qual a sua programação para este primeiro semestre antes do Rio 2016?

Mesmo na liderança do ranking feminino, eu tenho no planejamento correr a Maratona de Hamburgo, em 17 de abril, até para que eu consiga melhorar minha marca e garantir de vez a participação no Rio 2016. Também faz parte da preparação olímpica um período de um mês de treinamentos na cidade de Paipa (Colômbia) a 2.600 m de altitude. Eu já venho fazendo esses treinamentos lá e tem dado certo.

Além da Maratona de Hamburgo, você pensa em disputar mais provas no primeiro semestre ou vai se preservar para a disputa da maratona olímpica?

A tendência é voltar de Hamburgo e diminuir o ritmo, mas não parar, até porque é preciso chegar bem condicionada e preparada para as Olimpíadas.

O que você espera melhorar de sua performance na sua segunda participação em Jogos Olímpicos?

Eu tenho o objetivo de ficar entre as 30 melhores da maratona olímpica. Até por isso, eu encaro Hamburgo como um bom teste para melhorar a performance e, consequentemente, crescer minha confiança de que eu posso brigar lá no pelotão com as africanas. E a chance aumenta porque elas correm por medalhas nos Jogos e não por performance. Geralmente, a maratona feminina acaba ficando na média de 2h18min. Assim, é possível pensar até em um top 10 – e, se tudo funcionar no dia, por que não uma medalha?

Outra coisa que pode ajudar é a suspensão de atletas e países por doping? Você acredita que a possibilidade de Rússia e Quênia não virem é uma vantagem ou você só espera fazer a sua parte e ponto?

Eu vou fazer o meu. A agência antidoping vem se empenhando em combater e punir os casos de doping. Eu até vi nesses dias umas reportagem na TV sobre o temor de alguns atletas com o vírus da zika, e alguns amigos comentaram que a vida das brasileiras ia ser mais fácil. Não acredito nisso, e vou ter que ralar e me preparar muito para chegar forte no Rio 2016.

Está habituada com o percurso olímpico ou ainda não treinou nele? E o que mais te preocupa?

Ainda não tive a oportunidade de treinar lá, mas sei que a maratona será feita em três voltas de 14 km, com chegada no Sambódromo. O que mais me preocupa é o clima quente e úmido do Rio. As europeias e as americanas também estão preocupadas com a questão do clima.

Mas dá para tirar alguma vantagem, até por estar um pouco mais acostumada com esse clima extremo?

Eu não diria vantagem, mas nós podemos sofrer menos com os efeitos do calor e da umidade. Eu quero fazer uma aclimatação no Rio de julho para frente. Sofrer vai ser inevitável, mas podemos achar maneiras de aliviar.

E neste caminho olímpico, o que comer banana com paçoca, hábito que você tem desde criança, te ajuda na força e na resistência?

Esse é um hábito que vem desde cedo mesmo. Geralmente, após um longão, um prato de banana com farinha de paçoca cai muito bem. A mistura combina e te dá muita reposição de energia. Eu gosto muito de cortar a banana em rodelas, misturar com a farinha de paçoca e colocar um pouco de açaí. Fica sensacional.

Dá pra comer essa “bomba calórica” sempre?

Não! Depende muito da intensidade do exercício. O que não dá pra fazer é treinar leve 40 minutos e querer comer tudo isso. (Obs: Adriana tem 1,75 m e pesa 44 kg).

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