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País da corrida? Como as provas de resistência se multiplicaram na China

Os últimos anos foram de explosão para a corrida na China. Antes pouco popular no país asiático, a modalidade teve crescimento quase que exponencial. No início da década, os organizadores de prova precisavam de meses para reunir número suficiente de atletas para realizar uma maratona. Já em 2014, 39 maratonas urbanas foram realizadas no país, entre elas as de Pequim, Guangzhou e Xangai, que podem superar a marca de 20 mil inscritos.

Segundo Wang Dawei, vice-presidente da Associação Atlética da China, em 2010 a Maratona de Pequim  precisou de cinco meses para reunir o número mínimo estipulado de atletas para realizar a prova. Cenário bem diferente do atual e de seus eventos com milhares de participantes. “O número de concluintes também aumentou muito”, diz Wang.

E em um país com mais de 1 bilhão de pessoas, o mercado se expande para atletas de todos os níveis, inclusive os dispostos a ultrapassar a distância de 42 km – o número de concluintes em maratonas do país pode em breve superar a dos Estados Unidos e Japão.  Tanto que o interesse por provas como ultramaratonas tem crescido. 

“Toda vez que visito a China para correr vejo um aumento maciço tanto na participação quanto no desempenho dos atletas. O crescimento é incrível”, analisa Michael Wardian, ex-recordista dos 100 km no World Marathon Challenge.

Parte do crescimento da corrida na China pode ser creditada à prosperidade da economia local. Os organizadores de provas comemoram os números expressivos e passaram a receber mais atenção das grandes marcas de material esportivo.

A Altra Running, por exemplo, relatou que as vendas triplicam a cada ano e prevê novos avanços para um futuro próximo. Além do investimento pesado de gigantes do segmento, concorrentes locais surgiram.

 

 

“Uma vez que as pessoas tenham cuidado de suas necessidades básicas, procuram maneiras de se divertir. Isso aumentou a oferta de corridas de longa distância”, observa Jin Rao, CEO de uma ultramaratona no Monte Siguniang, corrida de 100 km que leva mais de 1.500 inscritos a uma montanha com 4.200 metros de altitude. “Estou feliz por mais pessoas quererem visitar as minhas montanhas.”

Remi Duchemin, CEO da empresa de marketing esportivo OC Sport, estimou, em entrevista ao jornal inglês The Guardian, que aproximadamente 300 milhões de chineses tenham recursos financeiros para viajar para participar de corridas.

Não tem sido raro encontrar corredores chineses em grandes provas em outros continentes. Em agosto do ano passado, 385 corredores chineses estiveram na prestigiada Ultra Trail Mont Blanc, realizada nos Alpes da França, Suíça e Itália, perdendo em número total apenas para os franceses.

O conhecimento adquirido por empresários chineses na Europa e nos Estados Unidos elevou também a qualidade dos eventos de corrida na China. E isso fez com que mais fãs se interessassem pelas grandes corridas.

“A China é o meu país favorito para competir. O apoio deles é imbatível”, declarou o ultramaratonista britânico Dan Lawson, campeão da European 24 Hour Championships em 2016.

Diante de um cenário tão positivo, a empresa farmacêutica Abbott, apoiadora do circuito World Marathon Majors, firmou uma parceria com o conglomerado chinês Wanda. Nos bastidores, comenta-se a possibilidade de que surja uma maratona major no país mais populoso do mundo.

Pedro Lopes

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