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A Volta à Ilha é uma das provas mais difíceis do Brasil e terá um grupo de atletas já acostumados a superar desafios no dia a dia. O time do Projeto Sexto Sentido será formado por oito deficientes visuais, que correrão os 140 km, divididos em 17 trechos, do evento programado para o próximo sábado em Florianópolis.
Além da distância, o Revezamento Volta à Ilha tem como dificuldade a variação de terreno e altimetria. Há trechos, por exemplo, com trilhas, dunas e praias com areia fofa, o que aumenta a necessidade da sintonia fina entre atletas e guias.
“O trecho da Cachoeira do Bom Jesus é um dos mais difíceis em termos de acessibilidade e nele eu preciso confiar muito no meu guia para poder me soltar”, diz o atleta Marco Laurindo, que tem a esposa Rosangela Alexandre como guia. “Treino com ela quase todos os dias e, no caso do guia, ele fala mais do que corre, pois precisa me falar tudo que está ao meu redor, ainda mais em trilha. Por isso esse entrosamento é fundamental”, explica o corredor, que perdeu a visão aos 22 anos de idade em um acidente de carro.
A ideia de montar uma equipe de deficientes visuais para disputar a Volta à Ilha nasceu em 2008. Neste meio tempo, o time foi aprendendo com os erros e as dificuldades da prova, considerada complicada até mesmo por atletas experientes.
“O desafio está também na logística. Saber onde cada um vai correr, quais as dificuldades de cada trecho. Outra coisa é prover a estrutura, pois são oito atletas, oito guias e mais alguns no apoio. Precisamos de um ônibus, dois carros, hidratação… Com o passar do tempo fomos criando nossa forma de trabalho para melhorar a cada ano”, explica Fábio Luís Charneski, mais conhecido como Popeye, o coordenador do Projeto Sexto Sentido.
O trecho mais complicado da Volta à lha é o Morro do Sertão. São 16,7 km que, neste ano, ficarão a cargo de Gilmar Amaral no time dos deficientes visuais. Ele, que é atleta de goalball (esporte paralímpico), já fez esta parte da prova em duas edições anteriores, mas este ano a encarará depois de ter realizado ao menos um trecho anterior do evento.
“Já fiz algumas corridas, mas o ano não começa enquanto não chega a vez da Volta à Ilha. É uma prova maravilhosa com muitos desafios. Quando estou nela até esqueço que não enxergo”, garante.
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