Começando na panturrilha e se estendendo até o meio do pé, o tendão tibial posterior (TTP) tem a função, entre outras coisas, de ajudar a manter o arco plantar, fornecendo suporte e absorvendo o impacto no pé ao caminhar e correr. Ao tornar-se sobrecarregado, inflamado ou com lesões, este tendão pode fazer com que a pessoa perca, gradualmente, o arco do pé, levando ao pé plano adquirido.
O problema pode ocorrer em qualquer atividade que gere sobrecarga no tendão, como esportes de impacto – tênis, futebol ou também em provas longas de corrida. Entretanto, nota-se que o pé plano adquirido é mais comum em mulheres após os 40 anos de idade.
Além da atividade de impacto, existem outros fatores de risco que levam ao pé chato progressivo, como obesidade, diabetes, hipertensão, cirurgia ou fratura anterior e doenças inflamatórias, como artrite reumatoide.
O diagnóstico baseia-se tanto no histórico do paciente como no exame físico. Os sintomas são dor na face interna do tornozelo e inchaço local (de acordo com a evolução da lesão), perda progressiva do arco do pé e diminuição da força de flexão plantar progressiva (dificuldade em ficar na ponta dos pés).
A maneira mais simples de identificar o problema é por meio do exame clínico, onde o médico examina a estrutura do pé e identifica possíveis alterações em seu formato. Outra forma comum de avaliação é fazendo a elevação do calcanhar. Ao levantar o pé doente do chão e ficar nas pontas dos dedos do outro pé, o calcanhar deve girar para dentro. Caso este movimento não ocorra é porque há uma disfunção.
Tratamento
Nos estágios iniciais, a disfunção do tendão tibial posterior pode ser tratada com repouso, medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides, imobilização do pé ou uso de palmilhas para dar suporte ao arco longitudinal medial. Se a condição for avançada, pode-se usar uma órtese tornozelo-pé (AFO) feita sob medida. Se o tratamento conservador não funcionar, pode optar-se por uma cirurgia.
Se tratado em fases iniciais é quase sempre possível que o atleta continue correndo, desde que se corrija a biomecânica do pé através do uso de palmilhas ou calçados adequados que propiciam um bom suporte medial para o mesmo.
*Fonte: Fabiano Nunes Faria (CRM 91.204), ortopedista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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