Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
O coração é um órgão muscular e, por isso, o treinamento físico intenso e regular pode alterar suas características, como estrutura, tamanho e ritmo. Praticantes de exercícios aeróbicos, como a corrida, desenvolvem maiores cavidades cardíacas (átrios e ventrículos), responsáveis pela circulação sanguínea, gerando uma espécie de hipertrofia. Um maratonista, que “exercita” o órgão por mais tempo, tem maior eficiência no bombeamento sanguíneo, sendo capaz de bombear mais sangue a cada batimento. Isso explica por que atletas apresentam diminuição dos batimentos quando estão em repouso. Mas esse ganho de eficiência e hipertrofia por conta do exercício não é uma descoberta recente. No século XIX, pesquisadores notaram que o coração de animais selvagens era maior que os de animais domésticos, por conta da maior frequência de atividade. Além disso, a avaliação de esquiadores cross country olímpicos da época revelou que estes apresentavam corações maiores que os da população em geral. A constatação de que a prática regular de exercício físico intenso, e por longo período, deixa o coração maior, gerou a necessidade de a comunidade médica diferenciar o chamado “coração de atleta” de um coração doente – dilatado por enfermidades, o que leva à insuficiência cardíaca. Essa diferença entre um órgão saudável ou não pode ser detectada por meio de exames como eletrocardiograma de repouso, radiografia do tórax, ecocardiograma e eletrocardiograma de esforço.
++LEIA MAIS
>> CAMINHAR EM INTENSIDADE MAIS RÁPIDA É MELHOR PARA O CORAÇÃO
>> BATE CORAÇÃO
>> CORRER AFASTA QUALQUER DOENÇA
– A atividade física intensa e constante hipertrofia o coração. Como consequência, o órgão precisa de menos batimentos por minuto (menor frequência cardíaca) para bombear o sangue de que o corpo necessita, por conta das suas contrações mais e cientes.
– A corrida de longa distância estimula adaptações cardiovasculares benignas. Além de mudanças verificadas em exames, como hipertrofia ventricular esquerda, alteração de condução atrioventricular e repolarização ventricular precoce (alterações normais em atletas), os corredores possuem FC de repouso reduzida, que pode ser moderada (entre 40 e 50 bpm) ou severa (menor que 40 bpm). Vale ressaltar que a redução da FC de repouso, mesmo que abaixo de 40 bpm, não é, por si só, prejudicial à saúde do corredor.
– As quatro câmaras que formam o coração (átrios e ventrículos) são contraídas para impulsionar o sangue oxigenado dos pulmões para o corpo. Em corredores mais experientes e bem treinados, sobretudo maratonistas, essas câmaras são maiores e mais e cientes.
– A eficiência cardíaca adquirida com o exercício faz com que o coração seja capaz de ejetar maior quantidade de sangue. Um corredor de elite chega a bombear 115 ml de sangue com uma frequência cardíaca de 45 bpm. Um atleta amador, 86 ml com FC de 60 bpm e um sedentário, perto de 65 ml com uma FC de 80 bpm.
EXAMES VITAIS
Todo corredor deve fazer uma consulta clínica. As avaliações cardiológicas podem detectar doenças preexistentes e até então desconhecidas pelo corredor. As informações clínicas são fundamentais, porque, apesar do baixo risco cardíaco em atletas (um para cada 300 mil/ano), o desconhecimento de uma doença cardiovascular eleva em cem vezes a chance de algum problema.
FONTE Luciene Ferreira Azevedo é formada em educação física pela Universidade Federal de Minas Gerais, doutora em ciências (cardiologia) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mestre em fisiologia humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP e pesquisadora colaboradora no Instituto do Coração (HC-FMUSP).
Reportagem publicada na edição 128, de dezembro 2013, da Revista O2.
Compartilhar link