A lista de motivos que levam uma pessoa a parar de correr é extensa. O trabalho e os compromissos familiares tornam as horas livres escassas. A falta de motivação bate à porta quando um grande objetivo é alcançado. E a possibilidade de sofrer com lesões assombra qualquer esportista. Entre os que se afastam dos treinos por um período, há uma dúvida recorrente: o que acontece com o nosso corpo quando passamos a correr menos ou paramos?
Um novo estudo publicado pelo Journal of Applied Physiology convocou 21 corredores que completaram a Maratona de Boston para checar os efeitos da inatividade. Acostumados a uma rodagem superior a 50 km por semana, os participantes concordaram em fazer menos de duas horas de exercício a cada sete dias. Uma das regras é que o grupo não poderia ultrapassar uma hora de corrida em um só dia enquanto durasse o teste.
Os pesquisadores testaram os principais aspectos da aptidão cardiovascular antes e depois da realização da major. O primeiro exame foi feito duas semanas antes da prova. Os outros se repetiram de quatro a oito semanas após a realização da maratona.
Em quatro semanas de inatividade relativa (com duas horas semanais de exercícios), o ventrículo esquerdo de seus corações diminuiu em massa e espessura. O volume do sangue diminuiu 3,6%. Essas alterações tornaram o bombeamento de sangue menos potente, levando menos oxigênio aos músculos. Da quarta à oitava semana de inatividade, as mudanças no volume sanguíneo e no ventrículo esquerdo se estabilizaram.
Um trecho surpreendente do estudo apontou que o VO2 max dos corredores (uma medida da capacidade aeróbica máxima) e a massa total de hemoglobina não diminuíram significativamente quando os voluntários passaram a correr menos.
Com as duas horas semanais de corrida, o descondicionamento físico dos corredores não foi tão severo quanto o observado em pesquisas envolvendo a inatividade total.
“Eu acho que, se tivéssemos impedido esse grupo de se exercitar, teríamos visto um descondicionamento maior e mais consistente. A manutenção de uma pequena quantidade de treinamento pode compensar as perdas”, declarou Charler Pedlar, um dos responsáveis pelo estudo, à Runner’s World americana.
O estudo não analisou quais foram os efeitos sobre a resistência muscular e a coordenação neuromuscular (a capacidade do corpo se comunicar com o sistema nervoso). Algumas pessoas, no entanto, relataram que sentiam que não sabiam mais correr depois de alguns dias de inatividade. A queda de desempenho estimada gira entre 4 e 25% após três ou quatro semanas sem praticar esportes.
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