“Eu não tenho patrocinadores. Não tenho um agente. Só compito individualmente”. Essa foi a declaração de Girma Bekele Gebre, etíope de 26 anos, após ir ao pódio da consagrada Maratona de Nova York no último domingo, conquistando o terceiro lugar. Seu feito surpreendeu até os seguidores mais assíduos da prova, isso porque o maratonista largou apenas no segundo pelotão, separado dos atletas de elite.
Gebre terminou os 42,195km com tempo de 2h8min38s, seu recorde pessoal para a distância, atrás apenas do campeão Geoffrey Kamworor (2h8min13s) e do segundo colocado Albert Korir (2h8min36s), ambos do Quênia.
O atleta se destacava em meio aos profissionais já no meio da prova, não só pelo desempenho de ponta, mas também pelo número em sua regata desprovida de patrocínios. Enquanto seus adversários usavam tags com dígitos únicos, o etíope estampava o 443, numeração de um mero corredor amador.
A cada 4,8 km (3 milhas), outro “pormenor” o diferenciava dos demais corredores do pelotão da frente: nesses pontos, os atletas de elite eram municiados com uma suplementação personalizada, à medida que Gebre se desdobrava com a mesma água e Gatorade disponibilizados aos 50.000 competidores restantes.
A medalha de bronze na Maratona de Nova York lhe rendeu premiação de US$ 40.000, além de US$ 15.000 por ter cruzado a linha de chegada com tempo inferior a 2h9min. Valores expressivos por si só, ainda mais considerando que as provas usualmente disputadas por ele pagam de US$ 500 a US$ 1.000.
Girma Bekele Gebre costumava ficar períodos de dois a três meses em Nova York treinando com uma equipe chamada West Side Runners que reúne centenas de corredores amadores de qualidade. Grande parte desses atletas é imigrante. Entretanto, o etíope recentemente teve de voltar a sua terra natal após a morte de um de seus irmãos, de modo que seus treinos se concentraram no continente africano, mais especificamente no Planalto de Addis Ababa. A altitude local contribuiu muito com sua preparação para Maratona de NY e impulsionou seu rendimento.
Após seu grande resultado na mais consagrada prova entre os maratonistas do mundo, Gebre ainda não sabe quais serão seus próximos passos competindo no asfalto. Por enquanto, só pensa em passar mais duas semanas na Big Apple e em usar a premiação de US$ 55.000,00 para ajudar sua família na Etiópia, composta por agricultores.
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