Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Ser uma atleta de ponta nem sempre é sinônimo de ser saudável. A britânica Bobby Clay é um exemplo emblemático de que o esporte, quando não encarado da maneira correta, pode provocar sérios danos ao corpo e à mente. Apontada como uma das principais promessas do atletismo do Reino Unido, a jovem de 20 anos, campeã europeia nos 1.500 metros, ficou obcecada pela ideia de ser “a melhor” e ultrapassou todos os limites físicos de seu corpo.
“Tenho 20 anos e nunca menstruei. Tenho 20 anos e sofro de osteoporose. Tenho 20 anos e virei ‘aquela menina'”, contou à revista Athletics Weekly. “A menina que treinou demais, a menina que não se alimentou. A menina de que todas as pessoas falam, mas pensam que não acontecerá o mesmo com elas. Sempre tive a confiança de que poderia ser alguém ao correr e competir, mas isso assumiu o controle da minha vida.”
A rotina implacável de treinos a conduziu à tríade da mulher atleta, uma síndrome caracterizada por distúrbios alimentares, amenorreia (ausência de menstruação) e osteoporose.
O primeiro sintoma surgiu quando Clay tinha 15 anos. A princípio, o overtraining era encarado pela jovem como um fator que alavancaria sua carreira.
“Sabia que um corpo com pouca gordura significava que não menstruaria, mas via isso como algo positivo para meu rendimento. Tinha 15 anos e fazia o mesmo que homens adultos. Eu me exigia bastante e sempre me esforçava um pouco mais a cada sessão”, relatou.
Na mesma época, outros problemas surgiram em razão do desequilíbrio entre o que ela comia e seu gasto energético. As calorias ingeridas por Clay não suportavam a alta exigência física à qual seu corpo era submetido.
“Muitas das meninas com quem eu convivia seguiam um caminho obscuro com suas dietas. A relação que tinham com a comida era medonha. Na verdade, eu estava comendo mais do que elas, mas sabia que não estava fazendo isso bem, porque comer um pouco mais do que nada ainda não era suficiente.”
Esse quadro provocou um episódio que interrompeu o que poderia ser a ascensão da corredora britânica. Aos 19 anos, seu corpo pediu uma trégua durante um exercício em uma piscina.
“Estava nadando e, quando fiz uma virada na piscina, empurrei a parede com os pés. Meu pé quebrou. Doeu muito. Não é normal quebrar um pé nadando. Na verdade, é bem estranho. Resolvi fazer um exame”, disse.
O exame apontou que ela sofria com osteoporose, o fator que faltava para completar a tríade da mulher atleta.
“Entrei em estado de negação. Dizia para mim que tudo ficaria bem, mas tive outra fratura e, depois, outra e mais outra…”
Lutando para se livrar das fraturas, Clay hoje necessita de hormônios para fortalecer seus ossos e menstruar normalmente. Seu grande objetivo é voltar a praticar o esporte que aprendeu a amar na infância, mas sem tantas cobranças.
Compartilhar link