Entre os vários tipos de treinos que um corredor pode fazer está o treinamento resistido, que nada mais é do que a musculação.
Na teoria, o treinamento resistido é a metodologia que consiste em vencer uma resistência, no caso representada por algum tipo de peso.
Desenvolvimento de potência, força, diminuição de gordura corporal e aumento de massa magra são alguns dos benefícios proporcionados por esse tipo de treinamento.
De acordo com Wilson Alves dos Santos, treinador da assessoria PaceFit,o treinamento resistido melhora consideravelmente o desempenho.
Além de fortalecer o corpo, é possível trabalhar os membros inferiores turbinando resistência, força e explosão.
Outra boa razão: um corredor que faz musculação desenvolve vantagens em relação a outro que só corre.
Quando o condicionamento aeróbico é semelhante entre dois corredores, o sistema de energia anaeróbica passa a ser a diferença na performance dos dois.
Isso acontece porque quando é preciso exercitar-se a uma alta porcentagem do VO2 máximo, a resistência está relacionada, principalmente, ao metabolismo do lactato e ao consumo do glicogênio, colocando o VO2 em segundo plano.
O treinamento resistido faz com que o acúmulo de lactato no sangue ocorra mais tardiamente, permitindo que o exercício de alta intensidade seja sustentado por mais tempo.
Essa alteração se traduz naquele “gás” extra que muitas vezes é necessário no sprint final.
“Vale lembrar que o treinamento de força ajuda a prevenir lesões, pois sua ação atua em outros tecidos, como tendões e ligamentos. Outro benefício é que a função da cartilagem articular é melhorada”, explica Wilson.
O educador físico e fisiologista Maurílio Santana ressalta que o treinamento resistido não pode “brigar”com os treinos de corrida.
Ambos devem ter o mesmo objetivo, que depende de cada período de treinamento.
São eles: período de base, período específico, período competitivo e período de transição.
Modelo de periodização para um macrociclo de 24 semanas
1. Período de base (incorporação)
Duração: 2 semanas
Objetivo: Circuit Training
Fazer um exercício para cada grupo muscular — uma série de, no mínimo, 20 repetições para cada movimento. A cada exercício, fazer um intervalo ativo de até três minutos de exercício aeróbio de baixa intensidade (de preferência corrida). Repetir o circuito de uma a três vezes.
Frequência: de duas a três vezes por semana.
1.1 Período de base
Duração: 6 semanas
Objetivo: RM (resistência muscular)
Realizar um exercício para cada grupo muscular, sendo feito de duas a três séries de 15 a 20 repetições para cada exercício com, no mínimo, 30 segundos de descanso.
Frequência: de duas a três vezes por semana.
2. Período específico
Duração: 4 semanas
Objetivo: hipertrofia muscular (aumento da massa muscular)
De um a dois exercícios para cada grupo muscular — 3 a 4 séries de 8 a 12 repetições para cada exercício com, no mínimo, 45 segundos de descanso.
Frequência: de duas a três vezes por semana.
3. Período competitivo
Duração: 8 semanas (treinar musculação somente 4 semanas. Nas próximas 4 semanas reduzir ou abolir os treinos de musculação) *
Objetivo: força e potência muscular
Realizar 2 a 4exercícios para cada grupo muscular, com 4 a 5 séries de 2 a 6 repetições para cada exercício. Descansar por 2 a 4 minutos.
Frequência de duas a quatro vezes por semana.
* devido ao aumento da intensidade dos treinos de corrida, é preciso diminuir o volume de treino de força, pois a carga de trabalho nos treinos é alta. Caso contrário, pode-se entrar em overtraining, quando o organismo não consegue se recuperar para a próxima sessão de treinamento levando assim ao um excesso de treino e possíveis lesões.
4. Período de transição
Duração: 4 semanas
Objetivo: redução do volume e intensidade dos treinos de musculação. Nesse período, praticar outras modalidades pode ser de grande ajuda. O chamado “Cross Training”, ou seja, pedalar, nadar, escalar etc, ajuda a manter o condicionamento muscular. Também é o momento propício de se recuperar de uma lesão recorrente ou difícil de tratar.
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