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Quando nos exercitamos, muitas substâncias são liberadas no organismo sem percebermos. O mesmo se aplica à química do amor, ao nos apaixonarmos. E se misturarmos corrida e amor? Eis um casamento perfeito de hormônios juntos e misturados – endorfina, serotonina, adrenalina, oxitocina -, que transforma a vida a dois para melhor.
A edição 178 da Revista O2 foi atrás do resultado dessa química magnífica e descobriu que a corrida é o elemento secreto que ajudou a dar liga em diversas relações apaixonantes.
Acompanhe a história de José Mora e Simon Gamboa, um casal de venezuelanos que não se separa nem na linha de chegada!
José Gerardo Mora, 37 anos, e Simon Antonio Gamboa, de 33, são venezuelanos, moram no Brasil há nove anos e estão juntos há uma década. Conheceram-se no trabalho, mas demoraram dois anos para engatar o namoro. “Lembro que nos encontramos para uma reunião de projeto e o Simon me trouxe balas. Achei fofo, mas ainda estava ‘no armário’ e não entendi se era só uma gentileza ou se tinha outras intenções”, conta José.
Simon afirma que as balinhas tinham segundas intenções e que se apaixonou pelo sorriso de José. A trabalho, viajaram para o México com uma equipe, mas ainda como amigos. Para curtir a cidade, os dois combinaram de estender a viagem por um fim de semana.
Dividiram o quarto e cada um ficou na sua. Até que saíram para beber. “Entre uma cerveja e outra, ficamos. Saímos do armário no meio do barzinho. O álcool catalisou a vontade e voltamos para a Venezuela quase namorando”, relembra Simon.
A corrida viria logo depois, para unir ainda mais a dupla. Simon corria e já havia assumido sua homossexualidade para amigos próximos e a família. José, não. A empresa em que eles trabalham é apoiadora de muitas corridas de rua, o que incentivava José a participar para prestigiar os eventos. Decidiram, então, fazer uma prova juntos de 10 km, cada um no seu ritmo. Na linha de chegada, perceberam que a corrida oferecia um ambiente de desafios individuais, mas que poderiam ser eles mesmos e evoluir juntos, livres de preconceitos.
Foi Simon quem fez José correr por prazer. “A comunidade LGBT sofre muito preconceito nos esportes. São muito machistas, agressivos e quem parece ser gay é deixado de fora. Na corrida isso não acontece: é o esporte mais inclusivo, democrático e maravilhoso do mundo, você é seu próprio desafio. Correr fez eu me apaixonar pelo estilo de vida do esporte. Hoje pedalamos e também planejamos nadar juntos”, diz Simon.
“O esporte nos desafia a ser melhores, por nós mesmos. E hoje tenho uma dupla para ir comigo. Nós sempre vamos juntos. Ao Unicórnios, grupo de corrida de São Paulo, vamos duas vezes por semana”, conta José.
Para Simon, uma das lembranças mais bonitas que teve com a corrida foi no Brasil, no Campo de Marte, em São Paulo, quando os dois correram juntos. “Eu fiz em um ritmo mais lento, mas José estava dando tudo de si, tudo mesmo. Quase me xingando”, diz.
Para Simon, o que mais importava era ter uma experiência memorável com o companheiro, chegarem juntos e de mãos dadas. E foi exatamente isso que aconteceu. José chegou quase chorando, mas até hoje foi um dos melhores tempos que já fez. Hoje, eles estão levando os treinos mais a sério — querem se preparar para uma futura maratona juntos. Corrida e amor andam lado a lado na vida do casal.
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