Antes, a meta era emagrecer para se apresentar bem às garotas e para não sofrer mais com a fama de gordinho. Depois, a meta foi emagrecer pelo simples fato de se sentir bem e melhorar a autoestima. “O primeiro objetivo jamais foi atingido”, segundo Rodrigo Yuzo . Já o segundo…, sim. E aí, sim, o assédio veio.

O editor de vídeo, cinegrafista e motion designer, Rodolfo Yuzo, 22, foi obeso desde a infância e sempre quis emagrecer. No auge da sua vida pré-corridas, ele chegou a pesar 116 quilos.

“Em janeiro de 2012, comecei a trabalhar em uma agência, com um ritmo frenético. Além de sair muito tarde do trabalho, eles nos serviam refrigerantes e fast food (hambúrgueres, pizzas e beirutes), diariamente”, conta. Nessa época, pesando 110 quilos, Yuzo decidiu mudar. “Resolvi montar uma pequena academia no meu quarto e fazer exercícios, com a pouca quantidade de tempo que me sobrava depois do trabalho”. Uma bike de spinning, um saco de boxe e halteres de cinco quilos foram os parceiros no início da perda de peso. “Fazia uma hora e meia de exercícios, assim que eu chegava em casa, todos os dias, mesmo que de madrugada”. Aos sábados, ele corria em uma avenida próxima a sua casa, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo.

Mas, contou com uma ajuda extra. “Dois grandes amigos meus, que também perderam uma quantidade enorme de peso, me incentivaram muito e serviram de inspiração para que tomasse esta iniciativa”, afirma.

Desde criança, Yuzo sempre foi obeso – Foto: Arquivo pessoal

Outra grande mudança em sua vida foi em relação à alimentação. “Meu problema nunca foi algo em especifico, mas as grandes quantidades que comia”. Ele disse que seus pratos, sempre, passavam de um quilo nos self-services, onde tinha de tudo. “Carnes, massas, frituras, saladas, peixes. Somava  a tudo uma Coca-Cola e alguma sobremesa”. Por conta própria, resolveu cortar frituras, massas, doces e o refrigerante. Mas não diminuiu o peso do prato. “A diferença era que tratava-se de um quilo de salada, carne, peixe e arroz integral”, diz.

No início, ele teve problemas com a dieta. Por isso, recomenda que todos passem por um nutricionista e não parem de comer. “Resolvi fazer um cardápio por conta, e passei por algumas complicações, como desmaios por falta de carboidrato”, alerta.

A principal mudança na vida do jovem editor foi na autoestima. “Olho para as fotos de quando era adolescente e penso ‘Poxa, se soubesse que emagrecer me faria tão feliz, eu teria tomado a atitude mais cedo’”. Outra coisa que mudou foram as roupas. “A sensação de usar roupas tamanho "M", e tudo cair bem é muito boa”, contou Yuzo.

Mas ele ainda não está contente com seu peso, que varia entre 88 kg e 94 kg, o editor de vídeo pretende perder mais. “Quero chegar aos 82 kg”. Para isso, diz que passará por um nutricionista. E garante: “Vou treinar mais pesado do que nunca!”

Yuzo dá uma dica para quem não tem motivação. “Percebi que eu sou uma pessoa que funciona a base de investimentos”. A teoria é a seguinte: a partir do momento que ele gastou dinheiro para comprar um bom tênis de corrida, roupas para treinar, um saco de boxe, mensalidade na academia e inscrições para corrida, se sentiu na obrigação de seguir em frente. “Precisava fazer jus ao dinheiro gasto.”

Com muitos quilos a menos, ele ainda quer mais – Foto: Arquivo pessoal

Outro ponto que ajudou Rodolfo a não parar foi o fato de ter virado inspiração para muitos amigos. “Incentivei cerca de cinco pessoas a começar a correr e se exercitar, o que pra mim é um número excelente. Dezenas de conhecidos ficaram admirados com a minha atitude e me parabenizaram. Não quero ter uma recaída e aparecer obeso para essas pessoas, novamente.”

Antes dessa mudança de vida, ele já havia tentado outros métodos para emagrecer. “Cheguei a fazer corridinhas de leve quando era obeso na adolescência, mas o que mais me prejudicou foi o uso de Sibutramina, receitada de forma negligente por um pediatra, quando tinha 16 anos”. Com 89 quilos, na época, ele tomou o medicamento e em pouco tempo – e sem exercícios físicos – baixou seu peso para 72 quilos. “Quando cortei o medicamento, ocorreu o ‘efeito sanfona’ e engordei para 116 quilos.”

Hoje, Rodolfo faz corridas de 12 km, de 10 km e de 5 km. Seus objetivos são:, correr sua primeira meia-maratona, e completar 100 provas. Além da corrida, também treina Muay Thai – boxe tailandês.

“Antes, eu pensava ‘putz!’, preciso correr 40 minutos nessa droga de esteira’. Agora, digo ‘aposto que hoje faço 5 km abaixo dos 32 minutos. Fico triste quando não posso correr ou lutar. É muito legal viciar em algo tão bom e saudável.”

Rodolfo deixa um conselho, para quem busca perder peso: “Não treine e se esforce pelos outros. Se vai tomar uma atitude para emagrecer (e mudar), pense somente em você e nas melhoras para a sua vida. Realmente, é preciso força de vontade. Mas garanto que é compensador.”

Após correr a Night Run SP, ele comemora no pódio – Foto: Adam Tavarels

Tem uma boa história? Mande pra gente!