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Rivaldo Martins, triatleta que perdeu metade da perna esquerda em um acidente na década de 1980 e compete com uma prótese, foi surpreendido por um gesto de uma criança de apenas cinco anos enquanto pedalava com um grupo de amigos no Lago Sul, em Brasília.
“Um garotinho com um sorriso estonteante em um carro branco segurava com sua mãozinha uma perna mecânica para me mostrar que também era como eu. Eu e meus amigos gritávamos para ele vir pedalar com a gente, e o pai ria muito vendo seu filho na maior alegria”, contou Rivaldo Martins. A cena durou poucos segundos, tempo suficiente para comover Rivaldo, que narrou a situação em sua conta no Facebook para tentar localizar o garoto.
A empatia entre Rivaldo e a criança emocionou seus seguidores e viralizou na rede social: 274 compartilhamentos e cerca de 12 horas depois de fazer o post, o triatleta conseguiu o contato dos pais do garoto. O dono do sorriso que contagiou o triatleta no Lago Sul era o pequeno Bento Lacerda, que nasceu com um problema de formação na fíbula da perna direita e teve o pé amputado.
O encontro entre os dois foi concretizado no último sábado, em Brasília. Bento, seus familiares e Rivaldo correram, pedalaram e compartilharam o amor pelo esporte. “Logo, logo esse menino será o futuro do esporte paralímpico do Brasil”, apostou o triatleta.
A amputação não impediu que Bento desenvolvesse a paixão pela corrida desde cedo. Incentivado pelo pai, o engenheiro e ultramaratonista nas horas vagas César Lacerda, ele deu seus primeiros passos em uma prótese. Aos três anos, tornou-se a primeira criança sul-americana a ter uma lâmina de corrida, peça nos mesmos moldes das que são utilizadas por atletas paralímpicos.
Comprada pela família de Bento em meados de 2015 por R$ 17 mil, a prótese de corrida é feita com fibra de carbono, tem peso inferior ao de um equipamento convencional, ajuda a amortecer o impacto no momento do contato com o solo e oferece impulso para o próximo passo.
Ele se adaptou com rapidez à lâmina e participa de uma série de provas de corrida em sua categoria. Disputa competições de 200 ou 300 metros com outras crianças e já venceu uma etapa.
O crescimento acelerado do garoto – cerca de dois centímetros por mês – vem obrigando a família a trocar as próteses frequentemente. Seu desenvolvimento físico prejudica o encaixe da peça, que demanda um ajuste sensível ao corpo. A última mudança foi feita em novembro, e o garoto já sente que precisa de uma nova consulta com José André Carvalho, o mesmo fisioterapeuta que vem auxiliando o goleiro Jakson Follmann, sobrevivente do acidente que envolveu a delegação da Chapecoense que teve sua perna amputada e também colocou uma prótese.
César e Rosa, sua esposa, torcem para que encontros como o que Bento teve com Rivaldo Martins sejam recorrentes de agora em diante. “Queremos uma interação maior para entender melhor esse meio. Seria interessante a integração do Bento com crianças que também praticam esportes e têm a mesma prótese”, disse o pai.
Sensibilizado pelo encontro, Rivaldo pretende ajudar César e Rosa para que o garoto corra sem empecilhos. Pretende entrar em contato com a Challenge Athletes Foundation (CAF), instituição norte-americana que arrecada milhões de dólares e promove doações para mais de 800 atletas do mundo inteiro, e com especialistas da área médica no Brasil.
César conta que, até hoje, bancou integralmente o tratamento do filho. “É o ‘paitrocínio'”, brincou. “Temos condições de proporcionar os cuidados médicos para ele e deixar para quem realmente precisa”, frisou.
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