Voar baixo sobre o asfalto é uma das especialidades de Daniel Serra, o campeão da Stock Car em 2017. Veloz com o volante nas mãos, ele também se sai bem em outro tipo de corrida, a de rua.
Serrinha, como é conhecido na categoria, enxerga os treinos de corrida de rua como uma terapia e aposta nas passadas para aprimorar seu preparo físico — uma forma de suportar o enorme desgaste sofrido dentro do carro, onde as temperaturas podem ultrapassar os 60°C.
A exemplo do automobilismo, o gosto por colocar os tênis nos pés e correr por aí é uma herança de seu pai, o ex-piloto Chico Serra, tricampeão da Stock Car que teve passagem pela Fórmula 1 nos anos 1980. Chico enfatizava frequentemente a importância da preparação física para os pilotos e levava o filho adolescente para correr.
“Antes de ir para a escola, eu saía para correr com o meu pai. Voltei a correr na fase adulta por causa do meu esporte, mas hoje em dia gosto bastante. No dia em que não corro, parece que falta alguma coisa. Faz parte da minha rotina, ajuda a manter a cabeça em ordem”, contou o piloto da Eurofarma na véspera de sua estreia na Stock Car em 2018.
“Eu me sinto bem por estar correndo, por estar bem preparado. É uma hora em que paro para pensar nas coisas. Quando preciso de uma solução para algum problema, é só correr que aparece. Funciona como uma terapia.”
Em sua “terapia” pelas ruas de Alphaville, onde mora, Daniel Serra, de 34 anos, imprime um ritmo forte, com um pace inferior a 4 min/km. Semanas antes de conversar com a reportagem da O2, ele cogitou disputar uma prova para checar sua marca nos 10 km. Com as inscrições esgotadas, decidiu testar os seus limites sozinho e concluiu o trajeto escolhido em 38min52s.
Em uma semana sem compromissos na Stock Car, ele costuma completar cerca de 80 km divididos em cinco treinos. Nos mais curtos e intensos, roda de 12 km a 15 km. Nos longões, percorre até 20 km.
Competitivo ao extremo nas pistas, Daniel Serra não transfere a sede por vitórias para a corrida de rua. Apesar de ter um pace e uma rodagem semanal de darem inveja a muitos atletas amadores, o piloto deixa sua competitividade para os momentos em que está duelando com Cacá Bueno, Marcos Gomes, Thiago Camilo e Felipe Fraga nos autódromos.
“Eu treino bastante a corrida, mas não sou muito ligado em provas. A corrida de rua é algo muito pessoal para mim. É totalmente diferente do que tenho com os carros. No carro, estou realmente competindo com outros pilotos. Quando estou correndo na rua, é algo que faço para mim. Não preciso competir com ninguém ou com o tempo de outra pessoa. Prefiro deixar assim. Quero manter como um prazer pessoal”, afirmou.
Uma opção pela praticidade
Daniel Serra tinha o triathlon como hobby anos atrás. Chegou a disputar algumas competições, mas deixou o pedal e a natação de lado e foi seduzido por um fator que encanta outros milhões de pessoas: a praticidade da corrida de rua. Também pesou na decisão o risco que corria enquanto pedalava.
“Correr é muito mais fácil. Eu coloco um tênis e saio para correr. Eu precisava colocar a bicicleta dentro do carro e achar um lugar para pedalar em segurança. Sem contar que, se eu caísse e quebrasse um braço, estaria ferrado aqui na Stock”, ressaltou, sorrindo.
É essa praticidade que permite que o piloto corra até mesmo nos autódromos, aproveitando as brechas entre os treinos, os ajustes feitos em seu carro e as entrevistas que concede nos boxes.
Em um dos dias de treino em Interlagos, primeira etapa da Stock Car neste ano, ele encontrou tempo para correr 12 km pelo circuito paulistano, recheado de subidas e descidas.
Seus autódromos preferidos para correr são o de Goiânia (“muita gente pedala por lá”) e o de Curitiba (“bem plano”).
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