Papo de Corrida

Corrida chique! Como os modelos versáteis e elegantes tomaram conta do running

Colorido ou discreto? Drop baixo ou alto? Com muito ou pouco amortecimento? O que você costuma levar em consideração na hora de comprar o seu próximo tênis de corrida? A combinação de design, conforto, preço e tecnologia na maioria das situações define a compra de um calçado. Mas você já parou para pensar como as grandes empresas de material esportivo trabalham as tendências dos tênis e decidem o que irá às prateleiras das principais lojas do ramo ou sites especializados?

Muito antes de os produtos chegarem às lojas, as marcas mapeiam as necessidades, as preferências e as expectativas de seus potenciais compradores. Na Adidas, por exemplo, são feitas diversas pesquisas e visitas a países para buscar tendências de design e o que o consumidor quer quando o assunto é tecnologia.

Veja o Guia do Tênis da O2

Para a marca alemã, escutar o outro lado ficou mais fácil depois do surgimento de suas comunidades globais — os Adidas runners —, que oferecem feedbacks e inspirações aos desenvolvedores.

Além de ouvir os compradores, as empresas se apoiam em aparelhos ultramodernos para identificar como seus produtos podem turbinar o rendimento dos atletas na corrida, sejam eles profissionais ou não.

Em seu laboratório de Boston, a New Balance investe no Aramis, um equipamento que coleta dados 3D e com imagens em alta velocidade para verificar os padrões de tensão de pés diferentes.

A partir dessa checagem, iniciam a construção de cada modelo, respeitando o objetivo e o perfil de cada produto. Participam desse processo designers, engenheiros, fisiologistas do exercício e outros profissionais especializados em calçados.

Um exemplo que ilustra o processo acima começa com o livro Nascido para correr, sucesso absoluto entre corredores do mundo inteiro. Em determinado trecho, o autor, Christopher McDougall, questiona a funcionalidade do amortecimento dos tênis de corrida utilizados na época do lançamento do livro (2010).

A partir de uma experiência com a tribo mexicana Tarahumara de superatletas, ele sugere que tênis com muito amortecimento seriam vilões dos corredores, uma vez que nos induziriam a uma mecânica incorreta.

O impacto na comunidade da corrida foi imediato, e as marcas entenderam o recado. Nascia ali uma nova linha entre as tendências dos tênis: a onda dos tênis minimalistas — que, convenhamos, já não têm mais a mesma força

“O momento é dos tênis mais altos, bem macios, responsivos e leves. O desafio das marcas é fazer tênis com essas características. As empresas trabalham com densidades diferentes de espumas e já não veem com bons olhos o amortecimento aparente. O consumidor quer a espuma e pronto”, opina Eduardo Suzuki, o responsável pelo canal Tênis Certo no YouTube.

A tese de Suzuki é reforçada por Bruno Kobata, gerente de running da Adidas Brasil. “No caso do mercado brasileiro, acreditamos que a fase dos modelos com tecnologia visível e design mais chamativo já passou”, afirma.

A crença de Kobata se aplica até à concorrente Nike. No dia em que esta reportagem foi escrita, em meados de novembro, checamos dezenas de modelos masculinos de corrida que a Nike vende em seu site. Apenas cinco tinham amortecimento aparente.

 

 

Dois em um

As tendências dos tênis  acompanha as movimentações da sociedade, assim como a escolha do design e de suas cores. O comportamento e o cotidiano das pessoas, os movimentos sociais, as condições climáticas, a economia e as artes pautam as discussões das equipes multidisciplinares das marcas.

Na contramão dos calçados multicoloridos e chamativos de quatro ou cinco anos atrás, as tendências dos tênis do momento apostam em produtos versáteis, adequados para diversos tipos de ambientes, não apenas para a corrida.

Há cerca de dois anos, ganhou força nos Estados Unidos a tendência athleisure —  neologismo que, em inglês, mescla as palavras “atleta” e “lazer”. Essa linha rompeu o pensamento de que as peças deveriam atender a uma única proposta e abriu caminho para que produtos esportivos fossem usados em ambientes profissionais ou sociais.

“O que eu noto é que estão despontando modelos que as pessoas podem usar durante o dia todo. As pessoas querem tênis mais versáteis, que, além da corrida, possam ser usados para outras atividades diárias. São modelos que seguem uma linha mais neutra e podem ser usados tanto com uma calça jeans quanto com a roupa do seu treino”, observa Suzuki.

Cinco modelos versáteis, segundo Eduardo Suzuki

Adidas Pureboost GO

“É um modelo bacana, que caiu no gosto do consumidor. Grande acerto da Adidas.”

Nike Epic React Flyknit

“Uma versão interessante da Nike. A marca continua lançando uma série de cores deste modelo.”

A nova versão do Nike Epic React Flyknit chega no dia 12 de fevereiro, no Brasil.

New Balance Fresh Foam Beacon

“A New Balance não acreditava que este modelo daria certo no Brasil. Para surpresa deles, em dez dias já estava esgotado.”

Puma Hybrid Runners

“É um tênis macio, que também cai bem no casual.”

Olympikus Vantage Flow

“Vale sempre a pena falar da Olympikus. É um tênis de R$ 250. E a própria marca tem certa dificuldade para definir se é um modelo casual ou de corrida.”


 

O que você não deve ver nas prateleiras em 2019

  • Tênis multicoloridos
  • Amortecimento aparente
  • Tênis duros e pesados

Duas perguntas para Silvia de Féo, merchandiser da New Balance para o mercado latino-americano

O2: Como é o processo de criação dos tênis da New Balance?

Silvia de Féo: Os times da marca se encontram rotineiramente para testar e validar quais são as melhores formas de atender às necessidades e expectativas do consumidor com base no que temos na “prateleira” ou se temos a necessidade de desenvolver algo específico. Muitas vezes, o que acaba acontecendo no processo é que encontramos soluções interessantes para outras necessidades. Automaticamente, um time repassa essas descobertas aos outros times, que, então, passam a verificar a adequação e a relevância da descoberta. Nosso laboratório em Boston acabou de fazer 10 anos. Desde então, ajuda no desenvolvimento de materiais e suas aplicações, tanto na base como no cabedal.

O2: O que os fãs dos tênis de corrida da New Balance devem ver nas lojas em 2019?

Silvia de Féo: Do ponto de vista de design, seguimos com um atual e elegante, sempre informado por dados técnicos recolhidos em nosso laboratório. A tecnologia Fresh Foam segue sendo o carro-chefe. Em 2019, vem ainda mais macia, leve e com maior capacidade de amortecer impacto, graças à engenharia aplicada na entressola e na sola. No cabedal, vamos lançar um material lindo, que torna o calçado ainda mais leve, confortável e respirável. O 1080 chega à sua nona edição em uma combinação de cores superchique e atraente, turbinado com a evolução do Fresh Foam. Também vamos lançar a segunda versão do Lazer, que vem ainda mais equipado para a prática da corrida

Pedro Lopes

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