Como a corrida ajuda os jogadores da Seleção? O que isso ensina aos amadores?

Atualizado em 12 de junho de 2018
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Corrida e futebol estão no topo da lista de esportes mais praticados no Brasil. E, em época de Copa do Mundo, quando o futebol passa a ser o assunto e a prioridade em todos os lugares, a O2 foi conversar com três treinadores para saber se — quando falamos de praticar os esportes –, as duas paixões dos brasileiros podem ser complementares e como a corrida e seus fundamentos são usados pelos jogadores profissionais.  

Rogério Sthanke (Sthanke Trainer), treinador funcional e maratonista; Rodrigo Lobo (Lobo Assessoria), treinador de corrida e triatleta; e Renato Dutra (Health 4 you), treinador de corrida e jogador de futebol nas horas vagas, responderam as principais dúvidas da prática dos dois esportes.

Afinal, quem corre pode jogar futebol? E vice-versa? Como eles podem se ajudar e em que caso se atrapalham? Como os jogadores da Seleção e outros profissionais usam a corrida para melhorar sua técnica no futebol? 

A relação entre corrida e futebol

Futebol profissional e corrida

No futebol profissional, a corrida é muito usada como treino complementar, levando em conta as especifidades para melhorar o rendimento em campo. Por isso, o treino depende do atleta, da posição que joga e de uma série de outros fatores que precisam ser avaliados por um treinador.

“Mas não é uma corrida longa e contínua, pelo contrário. Nos treinos, o atleta faz muito intervalado de alta intensidade, entre outros estímulos que trabalham explosão e movimentação”, comenta Rogério Sthanke.

Correr é fundamental no futebol, “porém como habilidade física para movimentação no campo, para melhorar o condicionamento cardiovascular e para perda de peso, entre outras questões”, explica o treinador.

Os treinos de corrida são feitos em zigue-zague, com deslocamentos para trás, saltos e sprints — exigências bem diferentes do que na corrida contínua.   

Nas posições de lateral e volante, a corrida entra como auxiliar para os jogadores que costumam se desgastar mais e chegam a correr entre 10 km e 12 km por partida. “Por isso o trabalho de corrida entra bem forte, com treinos intervalados e com variação de ritmo, principalmente”, continua Sthanke.

Na defesa, a velocidade é importante. Por isso, os sprints (treinos de velocidade) são muito utilizados. Mas todos esses treinos entram como trabalhos complementares. Bem diferente dos treinos longos que sobrecarregam a musculatura. 

 

 

Mundo amador: corrida e futebol

Os jogadores de futebol correm para se locomover, mas as características de treino e necessidades são completamente diferentes entre profissionais e amadores.  Para Renato Dutra, alguns treinos específicos de corrida podem te fazer ir muito além no futebol. 

“Desenvolver capacidades que sirvam para um corredor de 5 km e um jogador de futebol amador, por exemplo, é possível. Tudo muda quando aumentamos a distância na corrida. Se o atleta faz longas distâncias, maratona por exemplo, ele vai ter fôlego, mas provavelmente vai ser um jogador de futebol lento, com pouca mobilidade, por exemplo, para fazer as corridas multidirecionais”, explica Dutra, que também joga futebol (amador) e nunca teve uma lesão séria. 

Já Rodrigo Lobo é bem cauteloso quando fala sobre a prática dos dois esportes, especialmente quando o corredor tem uma prova-alvo no calendário. “Depende muito do que você quer com a corrida. Primeiro, porque no futebol a gente costuma se machucar. É um esporte de contato onde muitas lesões acontecem, principalmente quadril, tornozelo e menisco. E, se você está treinando para uma prova, esse tipo de lesão pode te tirar dela”, explica ele. 

Jogo de cintura

Em teoria, corrida e futebol  são esportes concorrentes, que precisam de muita cautela para serem praticados juntos. Por isso, se você ama os dois esportes, é preciso ter jogo de cintura para driblar a sobrecarga de trabalho e praticar os dois. 

“Você pode ter os benefícios dos dois esportes – se você tiver um bom acompanhamento para planejar e dosar os treinos”, segundo o treinador Renato Dutra. “É individual esse modelo, mas vou dar o meu exemplo para ilustrar: eu jogo futebol uma vez e corro de duas a três vezes na semana. Assim, dou tempo para meu corpo se recuperar – cerca de 48h – e ainda fazer fortalecimento muscular”, afirma.