Everaldo Marques queimou a língua com a corrida e emagreceu 13 kg

Atualizado em 28 de março de 2018
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Everaldo Marques é a principal voz dos esportes americanos no Brasil. Suas narrações da NFL e da NBA, as ligas profissionais de futebol americano e basquete, são acompanhadas por milhares de telespectadores dos canais ESPN pelo País. Mas, longe das cabines de transmissão, é outro esporte que tem entusiasmado o narrador: a corrida de rua.

Ele passou a correr em abril do ano passado buscando o emagrecimento. O ponto de partida para abandonar o sedentarismo foi a insatisfação ao ver a balança apontar 112 kg. O início na modalidade foi “bem difícil”, segundo suas próprias palavras.

Uma corrida de 500 metros exigia um enorme esforço e o deixava ofegante. Menos de um ano depois e 13 kg mais magro, ele já completa provas de 10 km — ainda com certa dificuldade, reconhece — e agora trata a corrida como um estilo de vida.

“Comecei a correr para perder peso. Continuo correndo porque é uma higiene mental. Descobri que a corrida funciona como uma terapia para mim. Comecei a sentir falta nos dias em que não corria”, disse à O2 no fim de janeiro, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, onde costuma correr. “Minha mulher até brinca que, de agosto para cá, tudo o que eu comprei para mim tem a ver com corrida: relógio, roupa, tênis, inscrição em provas.”

A empolgação para treinar e disputar provas contrasta com a forma como Everaldo, que completa 40 anos em 2018, enxergava a corrida antes de pegar gosto pela modalidade.

“Eu vinha ao Villa-Lobos andar de bicicleta, via o pessoal correndo e falava:  ‘Esses caras são loucos. Eles acordam às 6h da manhã para correr’. Eu achava curiosa a mecânica de algumas pessoas e fazia piada com aquele vovô desengonçado que corre de um jeito esquisito. Hoje, o vovô desengonçado passa voando por mim [risos]. Passei a entender a paixão das pessoas pela corrida”, contou. 

“Por que estou fazendo isso aqui?”

Conhecido entre os fãs do esporte pelo bordão “ridículo”, contraditoriamente usado para lances e situações espetaculares, Everaldo Marques se diverte ao lembrar da primeira prova que disputou, a Etapa Turquia da Série Delta, no Ipiranga, zona sul da capital paulista.

Inexperiente nas corridas, ele teve as mesmas dores e dúvidas de quem persegue o progresso no esporte. Seus perrengues de marinheiro de primeira viagem incluíram até a surpresa com uma subida no percurso e a falta de intimidade com o chip usado para registrar o tempo.

 

 

“Eu tinha feito a transmissão de um jogo no dia anterior. Dormi pouco e acordei às 5h da manhã. Até fui procurar vídeo no YouTube para aprender como colocar o chip no tênis. Também não sabia que a prova era com subida. A primeira coisa que gritou em mim foi a panturrilha. Andei um pouco, voltei a correr e terminei esgotado. Na hora, pensei: ‘Por que estou fazendo isso aqui?’. Estava cansado, desidratado, com o corpo doendo. Alguns minutos depois do arrependimento, eu já pensava na próxima prova. De lá para cá, tenho feito um prova por mês”, lembra.

A busca por saúde destoa da vida que o jornalista levou nos últimos 16 anos, desde que começou a fazer parte das coberturas de grandes eventos esportivos pelo mundo. Em 2002, em sua primeira temporada como correspondente da rádio Jovem Pan na Fórmula 1, ele engordou 20 kg.

A rotina intensa de trabalho nos autódromos e o fato de comer “como um boi” quando surgia um intervalo foram pontos negativos numa profissão em que “a rotina é não ter rotina”.

Entre uma transmissão e outra, Everaldo Marques encaixa os treinos onde e como pode, seja na esteira de seu prédio, na academia ou no Villa-Lobos. E uma das razões para seguir correndo é comer sem culpa. “Correr para comer não é um problema”, diz. 

A evolução de Everaldo Marques

O narrador estipulou duas metas para este ano: correr uma prova de 10 km abaixo de uma hora e chegar a menos de 90 kg, peso que não tem desde os tempos de faculdade. Para o futuro, cogita a hipótese de participar de uma meia-maratona.

“O foco vai ser nos 10 km. Esta é uma distância que eu quero trabalhar. Você corre por quase uma hora. É um bom exercício. Os 5 km, daqui a pouco, serão rápidos demais”, comenta.

Depois de um começo tímido, a evolução na corrida hoje é proporcional ao sucesso de suas transmissões dos esportes americanos.

“Se você não para de correr, a evolução vem. É impossível não vir.”