Por Julia Sette
(Colaboração: Jessica Acocella)
Comecei a participar de corridas de rua em 2012. Em 2014 decidi fazer a minha primeira prova de 21 km, a Meia Internacional do Rio de Janeiro. Foi uma decisão ousada, já que na época corria por conta própria e não fazia ideia nem do que era pace. A partir daí decidi levar a paixão mais a sério e passei ter a orientação de um treinador e, desde então, já se foram oito meias-maratonas.
Já a Jessica, minha amiga inseparável de corridas, depois de adiar por dois anos consecutivos o projeto de participar de uma meia, conseguiu fazer seus primeiros 21 km no ano passado. De lá para cá foram cinco provas com essa distância, inclusive a Meia de Buenos Aires, em setembro, onde ela conseguiu seu melhor tempo até hoje, 1h54min20s.
Nossas histórias começaram a se cruzar há um ano, justamente na Meia do Rio. Por conta de uma amiga em comum, começamos a nossa amizade. Nos demos bem desde o começo e digo que temos dois momentos que marcaram esse “click”. O primeiro foi em um longão que fizemos entre o Recreio e a Prainha (RJ). Nesse dia as duas não estavam na sua melhor forma e acabamos correndo juntinhas, uma puxando a outra. Outro momento foi quando fizemos o Rei e Rainha do Mar no ano passado. A Jessica foi para o biathlon (natação e corrida) e eu iria apenas correr. Minha largada era bem mais cedo do que a dela, mas mesmo assim ela fez questão de ir cedinho comigo, antes de o sol nascer, para me ver largando e torcer por mim.
Na mesma época a Jessica me contou que iria fazer uma maratona em 2016 e que estava considerando a de Berlim. Eu também havia decidido que iria fazer uma maratona no ano, mas queria ir para a Maratona de Chicago. Acompanhei a prova no ano passado pela televisão e alguma coisa me dizia que esses seriam meus primeiros 42 km — e eu sempre fui louca para conhecer a cidade.
Decidi mandar uma mensagem para a Jessica: “Amiga, tem alguma chance de você ir para Chicago em vez de Berlim?”. Na mesma hora ela me respondeu: “Claro!”. Antes mesmo de sair o sorteio, fechamos o hotel em Chicago e, dois meses depois, as passagens. Mesmo sabendo que o sorteio da Maratona de Chicago é um dos mais fáceis, confesso que fomos ousadas. Mas isso foi mais um fator que nos uniu muito, pois demos as mãos desde o começo e bancamos e apoiamos todas as nossas decisões.
GRANDE SONHO: MARATONA DE CHICAGO!
Assim que chegamos a Chicago percebemos que a cidade respirava corrida. Parecia que todos iriam participar daquela maratona e acreditamos que, de certa forma, foi exatamente isso que aconteceu. Praticamente todos do nosso hotel, que ficava a duas quadras da largada, iam correr naquele domingo.
Na véspera da prova, decidimos cancelar a reserva do restaurante italiano e compramos uma massa para jantarmos bem quietinhas e concentradas em nosso quarto. No dia seguinte, tomamos café no hotel e após muitos “checks” de tudo que precisávamos levar partimos em direção à largada no Grant Park.
Nos poucos minutos que antecederam a largada a nossa sensação era de estar indo para a maior montanha-russa de nossas vidas, aquele sentimento de expectativa, animação e um pouco de medo. O clima foi como um prenúncio de que tudo daria certo. A temperatura estava perfeita, com um friozinho agradável, o céu estava incrivelmente azul e praticamente não havia vento.
Os primeiros quilômetros foram percorridos com uma mistura de sentimentos. Parecia que tudo o que vivêramos nos últimos meses finalmente estava sendo processado em nossas cabeças. O trajeto todo foi um grande passeio turístico, já que Chicago tem uma arquitetura incrível, bairros encantadores e cidadãos animados em todos os lugares que passamos.
Ao longo da prova a confiança foi aumentando até vir a certeza de que nada nos impediria, da forma que fosse (inteiras ou nos arrastando), de completar a prova… Mas lá pelo km 35, quando teoricamente faltava “apenas” uma volta na Lagoa Rodrigo de Freitas (8 km), as dores ficaram maiores. A volta na Lagoa, que nos últimos treinos virara uma referência de “falta pouco agora”, já não parecia mais tão pequena assim…
A partir daí foi uma grande negociação com cabeça, pernas e coração. Só pensamos no quanto queríamos cruzar a linha de chegada e realizar nosso sonho de nos tornar maratonistas. E foi isso que nos moveu a cada passada. Para tornar o sonho ainda mais real, chegamos praticamente juntas na finish line, bem como imaginamos ao longo de nossa jornada.
4h16min depois, as dores ficaram para trás e, como em uma montanha-russa, já queremos entrar na fila de novo. No dia seguinte, era fácil reconhecer nossos colegas de prova, não só pela medalha que fizemos questão de ostentar, mas pela dificuldade que tínhamos para caminhar. Ao mesmo tempo, por mais doloridos que estivéssemos, em qualquer oportunidade que aparecia contávamos com um grande orgulho e sorriso no rosto que éramos MARATONISTAS. Essa Maratona de Chicago com certeza está muito além da conquista dos 42 km. Ela representa tudo que ganhamos de melhor com esse esporte, que só nos trouxe coisas maravilhosas e, a principal de todas, a nossa amizade e parceria.
A cidade de São Paulo foi palco no sábado, dia 9 de julho, do MOV…
A cidade de São Paulo foi palco no domingo, dia 10 de julho, da Eco…
Saiba como você pode melhorar (ainda mais) o seu tempo na meia-maratona
A cidade de São Paulo será palco no dia 10 de julho da Eco Run,…
A Eco Run chegou a Salvador no último domingo, dia 3 de julho, com a…
A Up Night Run é mais do que uma corrida, é a proposta de uma…