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Ela lembra um coração. Está localizada no coração da Zona Sul carioca. E faz bem ao coração. Essa é a Lagoa Rodrigo de Freitas, carinhosamente chamada de Lagoa, Ela mantém uma relação afetiva com corredores de todas as idades, níveis, residentes ou não na cidade que se diz maravilhosa.
Com 7,5 km de extensão circular, a Lagoa pode ser considerada um parque de diversões para corredores. Ela tem diversos tipos de piso, como asfalto, terra, grama e até trilha. A variação de treinos também é possível, seja o intervalado, seja o de ritmo. Até mesmo o mental. Tudo isso numa região vizinha ao Leblon Ipanema, Copacabana, Humaitá e Jardim Botânico.
Foi justamente por mexer com o coração das pessoas e encantá-las que a Lagoa se tornou um local especial para tanta gente. Para Vanessa de Figueiredo Protasio, por exemplo.
Foi ali que surgiu sua paixão pela corrida. E a hoje psicóloga e coach esportiva tornou-se uma das melhores corredoras do País — com um currículo que inclui as vitórias nas edições de 1982 da Maratona do Rio e da Corrida da Ponte — sem nunca abandonar a pista em torno do espelho d’água.
“Tenho uma relação especial com a Lagoa por ter iniciado meus treinos ali”, afirma Vanessa, que diariamente vê a Lagoa da varanda de sua casa, no Leblon. “Desde aquela época (há 37 anos), ela já tinha seu encanto. Era uma área reservada, com segurança, que faz parte de uma natureza. A natureza dentro de um centro urbano.”
O início dessa história de amor com a corrida se deu por causa da natação. Vanessa levava seu filho Evandro para nadar na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), na Lagoa. Acima do peso e fumante na época, ela um dia resolveu dar a volta na Lagoa correndo, enquanto o filho nadava. Sem relógio, ela imaginou que conseguiria voltar em 50 minutos para a AABB. Mas não deu. Chegou atrasada.
Como gostou da experiência, Vanessa resolveu que iria continuar a correr e faria o possível para chegar antes do fim da aula de Evandro. E já conseguiu isso no segundo treino. Hoje, aos 65 anos, a Lagoa permanece como sua área de treinamento, tanto que deixa muitos jovens “comendo poeira”. Nas provas, principalmente as de 21 km, ela é campeã em sua faixa etária, no Brasil e no exterior.
“A Lagoa não era um polo de atividade física como é hoje. Era o ponto de treinamento dos remadores”, conta a psicóloga. “O que sempre me encantou na Lagoa é sua beleza, que transborda através da luz do dia, das suas sombras, do seu movimento de vida.”
Esse encantamento pela Lagoa que os atletas têm, é explicado pelo visual que se tem ao redor e para os caminhos que ela leva. Como poucas cidades no mundo, o Rio oferece aos atletas, de casa e de fora, opções de correr na praia ou na montanha. E a Lagoa está no centro disso tudo. Ela pode servir de ponto de partida para os mais variados lugares.
É possível ir para Copacabana, através do Corte do Cantagalo, com uma ladeira sem muita dificuldade, ou pela Rua Gastão Baiana, essa, sim, com um elevado grau de dificuldade. Ipanema e Leblon estão ali ao lado, basta entrar pelo Jardim de Alá.
Quer iniciar em trilhas? Use os caminhos do Parque da Catacumba e vá aos seus três mirantes. Se quiser “falar com Deus”, o Cristo Redentor, que tem a Lagoa aos seus pés, é o destino, seja pelo asfalto, seja por trilhas. É subir a Rua Pacheco Leão e a Estrada Dona Castorina e ir em frente.
“A Lagoa é a melhor área para treinamento no Rio em qualquer horário do dia ou da noite”, afirma Vanessa, psicóloga e coach esportiva. “Há marcas no chão para determinar a distância a partir do ponto zero, em frente ao Clube Caiçaras, uma segurança para treinar. É estar dentro e, ao mesmo tempo, fora do dia a dia alucinante de um centro urbano.”
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