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É pouco provável que a ideia de correr pela Antártica, o continente mais frio, mais seco e com o maior índice de ventos fortes do planeta, já tenha passado pela sua cabeça. Para os brasileiros, só as temperaturas baixíssimas já são capazes de assustar. No verão, a máxima é de – 12ºC. No entanto, alguns corredores que têm uma boa dose de coragem e muita grana extra enxergam na Maratona da Antártica um desafio memorável.
O continente mais inóspito da Terra recebe, no dia 13 de dezembro, a 14ª edição da Maratona da Antártica, que oferece percursos de 21k, 42k e 100k. Quem estiver disposto a correr entre colônias de pinguins e focas enormes no Polo Sul terá que desembolsar uma quantia astronômica para pisar onde poucas pessoas estiveram. A taxa de inscrição para a prova é de 16 mil euros (“15 mil euros se você pagar à vista”, avisa a Global Running Adventures, organizadora do evento). Na cotação atual para a moeda brasileira, o valor ultrapassa os R$ 60 mil.
A logística envolvida na ida à Antártica ajuda a justificar o valor. A expedição para ir até lá começa no dia 10 de dezembro, em Punta Arenas, no Chile. O desembarque não acontece em um aeroporto convencional, mas, sim, em uma base militar. Refeições, alojamento e algumas lembranças (medalha, camisetas e fotos) também estão inclusos no pacote. Cervejas e vinhos chilenos são oferecidos aos corredores durante as refeições, que também incluem frutas frescas, legumes, peixes e carnes. No dia 14, os participantes embarcam no voo rumo a Punta Arenas.
Ciente de que as condições na Antártica são extremas, a organização notifica os participantes que as intempéries climáticas podem alterar bruscamente a programação, mas que “todos os esforços serão feitos para manter a data de partida e retorno”.
“Praticamente não tem estafe. Você vai pela experiência incrível que é a expedição. Isso é o que tem mais valor”, avisa Bernardo Fonseca, brasileiro que venceu a Maratona da Antártica em 2010. Na ocasião, o ultramaratonista carioca saiu vitorioso nos dois trechos que disputou: 42k (4h20) e 100k (12h41min).
Outros corajosos como Bernardo também se derretem pelo continente de gelo. “A Maratona da Antártica foi a experiência mais emocionante, edificante, inspiradora e cansativa da minha vida. Eu estava muito orgulhoso por estar na Antártica. Me uni a corredores de diversas partes, todos com uma história para contar. Minha vida nunca mais será a mesma”, disse o britânico John Killingworth.
“Palavras, fotos, vídeos… Nada pode retratar verdadeiramente quão inspirador é aquele lugar. A logística é de primeira classe e há uma grande sensação de camaradagem entre os participantes”, elogiou o americano Howard Choi.
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