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Quando Fred Lebow e Vincent Chiappetta, presidentes de um grupo de corrida nova-iorquino, idealizaram, em 1970, a primeira edição da Maratona de Nova York, certamente não imaginavam a dimensão que a prova ganharia nas décadas seguintes. Há 47 anos, 127 corredores corriam 42 km no entorno do Central Park diante de cem espectadores, que viram Gary Muhrcke terminar na liderança com o tempo de 2h31min38s. Hoje, mais do que um grande evento esportivo, a Maratona de Nova York simboliza o que é o espírito da maior cidade dos Estados Unidos, tida por muitos como a capital do mundo.
Os números comprovam a grandeza da prova. Em 2016, foram 49.595 concluintes – um índice de 98,7% do total de corredores. Ao longo dos 42 km pelas ruas e avenidas dos cinco distritos da cidade – Staten Island, Brooklyn, Queens, Manhattan e Bronx –, mais de 1 milhão de pessoas incentivam os milhares de corredores. Para que esteja tudo nos eixos, a organização recruta 12 mil voluntários anualmente. Do total de participantes, 30% são de fora dos Estados Unidos. O fluxo de estrangeiros em Nova York durante a semana da maratona ajuda a explicar o impacto econômico gerado pelo evento: US$ 415 milhões, de acordo com levantamento feito pela consultoria Aecom em 2014.
A O2 conversou com brasileiros que conhecem os encantos da Maratona de Nova York e da megalópole norte-americana para entender os motivos que tornam esse evento tão especial para a comunidade da corrida.
Poucos brasileiros conseguem desvendar tão bem o fascínio que a Maratona de Nova York exerce sobre seus participantes como a economista carioca Denise Amaral. No dia 6 de novembro deste ano, ela disputará a prova pela 25ª vez. A primeira participação aconteceu em 1986 – e foi amor à primeira vista. Ela não hesita em apontar a principal razão para o evento ter lugar cativo no coração de milhões de corredores mundo afora: a mobilização da cidade em torno do evento.
“A mobilização da cidade para a Maratona de Nova York é algo surpreendente. Quem já conhece Nova York e vai à cidade na época da maratona encontra uma atmosfera completamente diferente – toda colorida, com as pessoas usando roupas esportivas, as lojas com cartazes chamando os atletas para alguma promoção ou simplesmente parabenizando por estarem ali. No dia da prova, a cidade é algo absurdo. Eu já corri 128 maratonas e participei de todas as majors. Nenhuma tem o público igual ao de Nova York. Além de o público ser maior que o das outras, é mais animado. As pessoas vão para as ruas, levam cerveja e realmente se envolvem com a prova. É o programa da cidade”, disse.
“Isso é realmente único no mundo. Não há outra prova com esse envolvimento. Eu corri os 42 km com gente me acompanhando. No olhar das pessoas você vê a satisfação. Elas querem interagir com você, querem te dar um toque na mão. Existe uma reciprocidade”, reforça Ricardo Capriotti, jornalista da Rádio Bandeirantes.
Na segunda-feira, dia seguinte à prova, quem desfila pelas ruas de Nova York com a medalha da maratona no peito é reverenciado como se fosse um atleta profissional. O empresário paulistano Rodrigo Rivellino recebeu aplausos em restaurantes quando as mesas ao lado notaram que o brasileiro havia concluído os 42 km. “Também corri a Maratona de Berlim, mas, definitivamente, não dá para comparar com Nova York. A cidade para. No dia seguinte, você entra nos restaurantes, as pessoas levantam e ficam aplaudindo. Faz parte da cultura da cidade valorizar o evento”, lembra.
De 1986 a 2017, Denise viu a Maratona de Nova York ganhar importância e passar por uma série de transformações. Uma característica original, no entanto, permanece intocável: o nível de excelência. Todos os anos, a organização da prova envia a Denise um e-mail perguntando se terão “o prazer de contar com sua presença outra vez” – exatamente nesses termos, frisa a carioca. “É uma coisa carinhosa, cativante. Não tem como dizer ‘não’.”
Os dias que antecedem a prova podem ser preenchidos pelas iniciativas desenvolvidas pelos organizadores. “O dia da prova é só a cereja do bolo”, diz a economista. Recheado de novidades ligadas ao esporte, o pavilhão da maratona é uma espécie de Disneylândia do corredor. A cerimônia de abertura, no Central Park, passa longe de ser algo protocolar. Nela, os corredores estrangeiros circulam por um tapete vermelho com as bandeiras e plaquinhas de seus países – uma reprodução do que acontece nos Jogos Olímpicos. A loja com os produtos oficiais do evento é ‘gigantesca’, seguindo o mesmo padrão de outros esportes americanos. “O americano sabe tirar o seu dinheiro”, resume a carioca.
Rivellino observa que rodar pelos cinco distritos de Nova York significa uma imersão no estilo de vida de cada local. A maratona tem início em Staten Island, pouco antes da Ponte Verrazano-Narrows, que conduz os participantes até o Brooklyn, onde correm cerca de 18 km. Em seguida, percorrem 4 km no Queens e chegam a Manhattan, um dos locais mais badalados da cidade.
“O momento em que você entra na Primeira Avenida, em Manhattan, é um dos pontos altos da prova. É uma avenida larga, com gente por todos os lados. As pessoas fazem muito barulho. Para mim, foi um dos pontos emblemáticos. É quando você entra para valer em Manhattan. Você se sente um pouco a estrela do negócio. Ali você percebe a dimensão da Maratona de Nova York”, explica Capriotti.
Curiosidades da prova:
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