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Marcelo Avelar é um craque nas corridas. Também é bom de bola, mas o talento no asfalto superou os gramados. Avelar corre muito. E entenda isso tanto como “corre rápido” quanto “corre com muita frequência”.
“O meu negócio é correr. Corro no asfalto, na montanha, corro 5 km, 10 km, meia-maratona, maratona, ultra. Eu corro de tudo”, diz.
O baiano de Vitória da Conquista, no entanto, chegou a São Paulo como boleiro. Marcelo, hoje com 35 anos, foi a São Paulo em 2004 para ser jogador de futebol. Chegou para vestir a camisa do Guarani de Campinas, mas não foi tão bem quanto esperava e acabou dispensado.
“Por sorte, me trouxeram para jogar na Portuguesa.” Porém, acabou não dando certo. Avelar ainda zanzou um tempo por outras equipes, mas em 2010 ficou sem time.
(Voz de locutor de estádio de futebol) “Substituição na vida de Marcelo Avelar: sai a chuteira, entra o tênis de corrida”…
Desempregado, começou a correr pelas ruas da zona norte de São Paulo para manter o preparo físico enquanto aguardava a oportunidade de assinar outro contrato.
Marcelo gostou da brincadeira. Tanto que decidiu se inscrever em sua primeira corrida de rua. “Era uma corrida no Pacaembu, nem cheguei ao pódio, mas fui bem”, relembra. Pegou gosto e nem percebeu que ali nascia um “monstro”, que hoje figura em qualquer ranking amador de corrida de rua do Brasil.
Mas suou muito para chegar lá. Esforçou-se no limite. Algum tempo depois, numa prova de 10 km, a primeira grande reciprocidade: “O batedor passou ao meu lado e avisou que eu era o quarto colocado. Olhei para trás e vi o quinto bem longe. Aquilo nunca tinha acontecido, a sensação foi incrível e até chegaram a escorrer algumas lágrimas”.
E, embalado, nas provas seguintes o corredor conseguiu chegar ao top 3. “Depois daquele quarto lugar, fiquei diversas vezes com a prata ou com o bronze, esporadicamente repetia a tão simbólica quarta colocação que me fez chorar.”
Paralelamente à evolução atlética, as coisas encaixavam-se para o “novo Avelar corredor”. De volta às primeiras passadas, aquelas no bairro de Santana apenas para não perder a boa forma física, bem, elas surtiram também outro tipo de efeito.
“Uma amiga minha — que viria a se tornar minha aluna — me dava um dinheirinho para acompanhá-la nos treinos de corrida”, explica. E o pequeno aporte financeiro da amiga fez mais do que sustentar o então apenas ex-quase-futuro-astro-do-futebol.
Permitiu que Marcelo fizesse a faculdade de educação física. Hoje, ele já é pós-graduado em biomecânica e fisioterapia. Naquela época, para custear seus gastos, ainda estudando, Marcelo estagiava em uma academia dando aulas de corrida na esteira.
“Notei que minhas aulas estavam cada vez mais cheias.” O então estagiário decidiu dar aulas na rua por conta própria. Assim, surgiu a assessoria Corredores da Zona Norte, que completa sete anos em dezembro, com duas sedes, 400 alunos presenciais, 120 alunos online e dezenas de interessados na fila de espera.
De volta ao atleta Avelar, o ano é 2012. E finalmente nasceu o campeão. Marcelo foi participar de uma prova de 5 km no Guarujá. “Liderei do começo ao fim e fui o primeiro a cruzar a linha de chegada. A sensação de dever cumprido tomou conta, a pressão do primeiro ouro sumiu e ficou mais fácil vencer.”
Não apenas mais fácil. Talvez não seja errado dizer que, no caso de Marcelo Avelar, difícil é não vencer. Ele tem se tornado uma lenda nas corridas amadoras de São Paulo, ganhando um troféu quase que semanalmente.
Ainda assim, Marcelo insiste: não vive de correr, mas de dar aulas. Basicamente, ele só consegue treinar caso algum aluno falte. Ele leva trocas de roupa na mochila e, surgiu oportunidade, pá!, corre na esteira da própria academia em que trabalha.
Pode não ser o mais ortodoxo dos métodos de treinamento, mas como tem funcionado! Marcelo Avelar foi a primeira e única pessoa a vencer três das quatro distâncias do Desafio do Dunga na Maratona Disney.
“Queria vencer uma das provas. Ganhei os 5 km, mas calhou que no dia seguinte venci os 10 km também. Foi quando os holofotes se voltaram para mim, porque em 23 edições ninguém tinha vencido duas provas seguidas.”
No terceiro dia, Marcelo saiu vencedor da meia e virou destaque nos jornais locais. No ano seguinte, repetiu a tríplice coroa e entrou de vez para a história do evento.
E a rainha das corridas, a maratona? Marcelo também participa dos 42 km da Disney, mas costuma já largar cansado, por conta das três provas dos dias anteriores.
“É uma meta vencer a maratona, mas preciso de uma estratégia para manter-me como único vencedor da tríplice e também vencer a maior distância. Estou considerando correr e vencer os 5 km para então retornar apenas no último dia descansado e com chances de vitória.”
Se for preciso treinar mais, certamente não será empecilho para ele. Dizem por aí que o nome do meio de Marcelo Avelar é “esforço”.
*Por Felipe Cezar
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