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Diferentes das meias utilizadas como uniforme pelos jogadores de futebol, as meias de compressão servem, como o próprio nome diz, para gerar uma pressão nas pernas. Essa compressão tem como objetivo melhorar a força e a resistência muscular local, reduzindo o risco de lesões e, possivelmente, melhorando a performance.
São poucos os estudos disponíveis sobre o material e, até 2015, os artigos científicos disponíveis não viam benefícios no seu uso, pelo menos não falando em rendimento esportivo. De lá para cá, novos estudos foram feitos, marcas investiram nesse tipo de tecnologia e hoje se assume que sim, apesar de ainda haver controvérsias, elas podem ter efeitos benéficos.
“A ciência é contraditória por conta do método e das pessoas utilizadas nas pesquisas. Mas, pelo que sabemos, quanto à recuperação muscular elas funcionam sim”, afirma o fisiologista do exercício Gerson Leite, do Instituto Body4life.
Nosso coração é uma bomba cardíaca que leva sangue para o corpo todo transportando oxigênio e nutrientes. Durante o exercício, o retorno do sangue para o coração precisa ser acelerado, já que é por ele que também ocorre o transporte de gás carbônico e toxinas — e uma circulação lenta resulta em maior estresse fisiológico. É aí que entram as meias de compressão.
“Esta é a função da meia: apertar a musculatura e fazer com que ela trabalhe de forma mais eficiente para retornar esse sangue para o coração”, continua o especialista. As fibras elásticas estão dispostas longitudinal e transversalmente (de forma que a compressão seja homogênea) e funcionam como um tipo de contenção, evitando que o músculo oscile ou vibre demais. Ou seja, um músculo que oscila menos é um músculo mais eficiente para enviar o sangue de volta ao coração e, consequentemente te fazer cansar menos.
Um estudo recente publicado no Journal Sports Medicine mostra resultados animadores para quem usa as meias de compressão: os corredores tiveram uma percepção de esforço e gasto energético menores.
Segundo Gerson, uma das principais razões para que isso ocorra é que essas meias diminuem o acúmulo de lactato durante o exercício e também o processo de lesão muscular. Com elas, há menor concentração de creatina quinase (CK) no sangue e diminuição do processo inflamatório pós-exercício — e a CK elevada não é um bom indício.
“Quando isso acontece, é um indicador de que seu músculo está lesionado, fatigado”, fala o especialista. “Como mostrou o estudo, o uso das meias de compressão ajuda a diminuir a CK, ou seja, você estressa menos o músculo e se recupera mais rápido.”
Se são boas para a recuperação, quando o assunto é performance as meias parecem não ter efeitos benéficos. Um estudo publicado no Respiratory Physiology & Neurobiology analisou alguns indicadores para avaliar a sua eficácia no desempenho. Os resultados não mostraram uma melhora na performance quando compararam atletas com e sem as meias. Mas benefícios fisiológicos foram notados: o tempo para entrar em exaustão aumentou e a concentração de lactato foi menor, o que melhorou a respiração.
Teoricamente, todo mundo. Porém, vale dizer que a meia de compressão não é primordial. “Você não precisa das meias, elas não são um item essencial para começar a correr. Elas ajudam, sim. Mas, antes de mais nada, invista no treinamento do seu corpo para qualquer distância que escolher correr. A preparação física é mais importante. Não adianta ultrapassar seus limites e esperar que meias de compressão salvem seu esforço excessivo”, diz o especialista.
Na hora de comprar, meça sua panturrilha para saber o tamanho correto. Cada meia possui um grau de compressão — e isso mexe com a velocidade de retorno do sangue para o coração. Além disso, vale dizer que as meias podem ser usadas tanto durante a corrida quanto depois, visando uma melhor recuperação. Na corrida, o ideal é que seu grau de compressão seja maior (algumas marcas indicam o nível de pressão de cada produto). Já em períodos longe da atividade, o grau de compressão pode ser menor.
Ah, e se você já usa as meias de compressão, tente variar um pouco, realizando treinos com e sem elas para que o corpo não se acostume e o efeito delas seja diminuído. Dê preferência para usá-las em dias mais frios ou quando você sente que seu corpo está um pouco mais cansado, ou indisposto.
BOM OU RUIM: Benefícios das meias durante e depois do exercício segundo os estudos mais recentes
*Fontes: Marcel Sera, fisioterapeuta (CREFITO 121849/SP); Gerson Leite (CRM 76551 SP), fisiologista do Instituto Body4life em educação física pela Unesp
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