Em março, o consultor financeiro Nilson Paulo de Lima, de 65 anos, deixou Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para se lançar em uma saga de mais de 9 mil km por 14 estados norte-americanos. Em 24 dias, ele disputou uma maratona em cada estado em que esteve e mergulhou na cultura local, encerrando sua jornada na Maratona de Boston, no dia 16 de abril.
Com quase 200 maratonas disputadas nos últimos 20 anos, ele estabeleceu que uma de suas metas de vida é participar de pelo menos uma prova de 42.195 metros em cada um dos 50 estados norte-americanos. Nilson Paula de Lima é o terceiro brasileiro filiado ao seleto clube Marathon Maniacs, que rege o desafio e coleta dados que comprovam as participações nas provas.
Em solo ianque, a corrida contra o relógio não era só para completar as provas no menor tempo possível e se recuperar rapidamente do desgaste físico. Lima teve que planejar minuciosamente a logística da viagem para conseguir se deslocar entre os estados. Não era raro entrar no carro que alugou ainda suado e dirigir por algumas horas para receber o kit da próxima prova.
“Essa logística de ir de um estado para outro em sequência é muito estimulante. Uma aventura assim me dá tanto prazer quanto correr. Essa diversidade cultural me atrai muito. Estive em lugares que, se não fosse pela corrida, jamais iria como turista”, explica.
Seu giro pelo “lado B” dos Estados Unidos lhe permitiu conhecer lugares “que a TV não mostra”. Longe da badalação e da mentalidade moderna de cidades como Nova York, Los Angeles e Chicago, viu de perto como é o conservadorismo “no interiorzão do país, onde o [Donald] Trump ganhou a eleição”. O roteiro “redneck”, palavra pejorativa para a classe média baixa branca conservadora e interiorana, incluiu Connecticut, Pensilvânia, Texas, Oklahoma, Kansas, Colorado, Novo México, Missouri, Arkansas, Tennessee, Kentucky, Ohio, Nova Jérsei e Massachussets.
A passagem pelo Missouri ficou marcada por um grande susto. Enquanto comia em um restaurante, viu os celulares de todos os clientes receberem avisos de que a região seria afetada por um tornado em poucos minutos. Enquanto o mineiro se assustou com o que viria a seguir, os outros frequentadores do restaurante seguiram comendo e conversando naturalmente. “Eles estão totalmente habituados a viver com aquilo”, disse.
Para não “dar tiro no escuro” e evitar uma possível lesão durante a viagem, Lima fez uma preparação cuidadosa em Uberlândia. Frequentou consultórios de médicos e nutricionistas, apostou em sessões de fortalecimento e verificou qual tipo de tênis seria mais adequado para sua saga. A pressa para ir de um estado a outro, no entanto, atrapalhou seus planos e o levou a comer comidas prontas vendidas por grandes redes de supermercados.
E se engana quem pensa que o retorno ao Brasil foi marcado por descanso. Cinco dias depois de concluir a Maratona de Boston em 3h39, debaixo de chuva, frio e muito vento, ele participou de uma prova especial em Uberlândia: a Maratona Nilson Lima, uma homenagem à sua trajetória no esporte. Os 65 anos, por enquanto, não lhe impedem de traçar mais planos para a corrida. Com o entusiasmo de um jovem, ele seguirá rodando o mundo fazendo o que gosta: correndo e aprendendo mais sobre os locais por onde passa.
“Em julho, viajo novamente para os Estados Unidos. Vou correr no Alasca e em mais alguns estados. Minha meta é concluir o desafio dos 50 estados na Maratona de Honolulu, no Havaí. A longo prazo, também quero chegar a dez participações na Comrades, na África do Sul.”
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