Papo de Corrida

Somália Galdino: disciplina para enxergar por outros

“A disciplina é o combustível para o sucesso”, é assim que Somália Galdino define sua relação com o próprio corpo. Mas o sucesso, no caso, não é seu. Ele trabalha de forma disciplinada diariamente para levar ao lugar mais alto do pódio o velocista Lucas Prado, uma das estrelas da forte equipe brasileira paralímpica de atletismo.

Somália é oriundo do esporte olímpico. Já subiu ao pódio do Troféu Brasil de atletismo com a equipe do revezamento 4x100m da Orcampi Unimed, mas no início de 2016 aceitou fazer parte do grupo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). A disciplina com que encarava os treinos aumentou, já que passou a ser os olhos do atleta cego Lucas Prado.

“No início é meio assustador. Você fica com um pouco de medo de não conseguir guiá-los porque antes eu só dependia de mim para ter bons resultados. Agora, preciso estar 100% bem para com isso fazer meu atleta ir bem”, diz o atleta, uma das estrelas da edição Corpo da revista O2. “Com o passar do tempo, você vai se adaptando e se acostumando com a pressão. Sendo guia, você não pode errar porque prejudicaria outra pessoa”, completa.

 

 

O desgaste a cada treino e prova também aumentou, já que Somália também precisa falar com Lucas Prado, dono de cinco medalhas das Paralímpiadas, a cada tiro. A dupla demorou pouco a entrosar corrida e fala, a ponto de chegar como uma das favoritas ao ouro nos 100m, 200m e nos 400m rasos na classe T11 dos Jogos Paralímpicos do Rio 2016.

O sonho da medalha olímpica acabou já na primeira prova. Lucas se contundiu durante as eliminatórias dos 100m e deixou a pista do Engenhão de cadeira de rodas. Mesmo com a contusão a dupla garantiu vaga na semifinal da disputa, mas o velocista não conseguiu mais competir no Rio de Janeiro.

“Mesmo acontecendo tudo isso, a minha satisfação de estar nos meus primeiros Jogos Paralímpicos é inexplicável. Estar concentrado com outros atletas, conhecer a cultura de cada um, trocar experiências com os melhores do mundo… nada paga isso”, afirma.

Somália Galdino deixou o Rio de Janeiro sem as sonhadas medalhas, mas com uma sensação que nunca tinha sentido antes de ter transformado seu corpo em uma ferramenta guiar Lucas Prado.

Veja o hotsite do Especial Corpo da O2

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