Quem é da época em que o forró universitário invadiu e dominou o Brasil, lá pelos anos 2000, provavelmente se lembra do som contagiante da banda Falamansa e, também, de algum hit do grupo, que continua junto até hoje com a formação inicial — e com a mesma paixão pela música de 18 anos atrás, quando começou.
Mas, além do amor pelo som de qualidade, um dos integrantes do grupo também é daqueles fissurados por esportes de todos os estilos. André Canônico, o Dezinho, percussionista do grupo, sempre teve o esporte pulsando na veia e, recentemente, descobriu a corrida de rua para somar ao seu estilo de vida.
Dezinho tem 38 anos e, desde cedo, jogou bola, andou de skate, nadou, surfou, fez kitesurf, wakeboard, parapente. Quando criança, levava o skate amarrado na bicicleta para poder praticar os dois por aí. A corrida demorou mais, chegou depois dos seus 30 anos. “Sempre achei a corrida monótona. Gostava da ação dos esportes mais radicais. Ela chegou em um momento bem difícil para mim”, conta.
O gatilho para mudar
Dezinho tinha decidido parar de beber e de fumar. Na mesma época lesionou o táluos jogando bola, um osso muito difícil de ser tratado e que o deixou parado por longos sete meses. “Fiquei depressivo, jogado no sofá e engordei mais de 22 kg”, relembra. Um dia, foi amarrar o tênis e não conseguiu completar a tarefa sem perder o fôlego. “Era desesperador. Eu não acreditava que tinha chegado a esse ponto tão cedo.”
Em uma das tentativas de tentar voltar a praticar esportes, Dezinho saiu para correr com um amigo no Rio de Janeiro, mas não conseguiu. Andando pela orla, ele observou na Praia do Recreio (RJ) um casal de idosos que passou correndo juntos. “Eu digo para todos que foi esse casal de velhinhos que mudou a minha vida. Eles nem sabem disso, mas mudaram meu jeito de pensar e de agir para ficar bem de corpo e alma”, fala. “Pensei: ‘Preciso cuidar de mim porque quero chegar à idade deles assim’. Isso mudou a minha vida toda, eu mudei meu jeito de pensar e de viver”, conta Dezinho.
Como estava muito acima do peso, o músico decidiu começar pedalando, fugindo, assim, do impacto nas articulações. “Eu estava com quase 100 kg e não tenho nem 1,70 metro de altura. “Por isso, não conseguia correr nem 2 km”, lembra. “Por isso, decidi pedalar, mas sem desistir de vez da corrida — a cada dia, corria um pouquinho mais. Por cerca de um ano e meio corri sozinho, sempre aumentando a distância pouco a pouco.”
Hoje, Dezinho treina na assessoria da Trilopez e credita a eles o desenvolvimento no esporte. “Acredito que hoje é o momento em que eu mais gosto de correr. Já atingi um objetivo bacana (ele correu 21 km pela primeira vez na Meia de Sampa em 2016) e tudo na minha vida melhorou: meu gás na natação, na bike, no futebol. Fui jogar bola outro dia e pensei: ‘Tô voando!’. Sobro em qualquer esporte que eu pratico e acredito que isso é por conta da corrida”, conta.
Para a vida toda
Depois de completar a sua primeira meia-maratona em 1h40min e experimentar provas de outras modalidades, Dezinho resolveu partir para o triathlon. “Já fiz duas travessias aquáticas, uma meia-maratona e provas de duathlon (corrida e ciclismo). Agora quero ver como vai ser essa brincadeira de unir os três esportes”, brinca.
Hoje, o já atleta virou referência entre os amigos e muitos se inspiram e veem nele um exemplo de pessoa saudável. “Adoro incentivar as pessoas a praticar a corrida e até criei um grupo com amigos no WhatsApp, o CJ Runners, uma referência ao ‘“Conjuntão’”, local em que cresci em São Paulo. Nos motivamos todos por ali. A gente compartilha nossos treinos, as provas e combinamos de ir correr juntos em algumas delas. Minha meta agora é motivar a Nicole (esposa) a ir comigo correr.”
Provavelmente não será difícil convencê-la. Pelo menos se, depender de seu discurso em prol da atividade física. “O esporte é tudo. É fundamental para a cabeça. Costumo falar com meus amigos e minha mulher que o esporte nos ensina a usar o corpo para ajudar a mente. Melhora a vida e nos ajuda a caminhar para uma melhora constante. Minha mãe desde cedo sempre dizia para mim: ‘Vai pra rua fazer alguma coisa, menino!’.”. Ele foi e continua até hoje.
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