Além de favorecer a saúde física, mental, emocional e espiritual, o exercício da meditação tem benefícios tanto na prevenção como no tratamento de diversas patologias. Prova disso é que várias empresas de assistência médica nos Estados Unidos concedem desconto nos planos de saúde aos praticantes de meditação, já que a necessidade de cuidados médicos é reduzida significativamente para quem a pratica regularmente.

Aquietar a mente, levando o cérebro a funcionar numa frequência diferente da que normalmente opera, interfere sobremaneira no sistema endócrino e, consequentemente, na harmonização da produção hormonal, reduzindo o impacto devastador dos hormônios do estresse para o nosso organismo. Isso traz sensação de bem-estar, maior concentração, resistência ao estresse, fortalecimento do sistema imunológico, qualidade do sono, melhoria da auto-estima, entre outros benefícios.

Segundo o Dr. Herbert Benson, da Universidade de Harvard, 60% das consultas médicas poderiam ser evitadas se as pessoas soubessem utilizar a mente para combater as tensões.

Na prática desportiva, a meditação auxilia na capacidade de focar a atenção, na autoconfiança e no funcionamento do organismo como um todo. Cada uma de nossas células é beneficiada pelas substâncias liberadas durante a meditação (endorfinas), enquanto que os hormônios do estresse são neutralizados. Desta forma, a sensação de bem-estar aumenta ao passo que as toxinas são eliminadas. Sentindo-se mais equilibrado, naturalmente o atleta otimiza sua performance e tem mais possibilidades de obter melhores resultados.

Uma forma interessante de contribuir para o sucesso em uma corrida, por exemplo, é visualizar-se vencendo, cruzando a linha de chegada. Na medida em que essa imagem se torna freqüente no cérebro, existe uma colaboração para que ela seja realizada. A mente funciona exatamente como um computador e segue exatamente aos comandos que lhes são dados por meio de palavras e pensamentos. Portanto, é preciso estar atento ao que se diz e ao que se pensa, a fim de fortalecer a auto-estima e conseguir atingir os objetivos.

De modo geral, os atletas são pessoas dinâmicas que sempre participam de várias atividades e são acostumados a um ritmo acelerado em seus afazeres. Esse tipo de hábito contribui para a falsa crença de que meditar é algo inatingível, pela dificuldade de conseguir parar. Essa crença se justifica pela idéia errônea que muitos alimentam acerca da meditação, imaginando que, para meditar, é preciso ficar sem pensar nada, completamente estático, ou coisas do gênero.

De fato, é importante acalmar a mente, reduzindo o fluxo de pensamentos, bem como aquietar também o corpo. Porém, é natural que, devido ao ritmo acelerado em que se vive atualmente, os pensamentos continuem querendo espaço na mente. Neste caso, aprende-se a lidar com eles, procurando simplesmente deixá-los passar, sem se apegar a nenhum deles e focando a atenção apenas na inspiração e na expiração.

É comum, por exemplo, sentir um incômodo ou mesmo coceira em alguma parte do corpo. Nesse caso, não é preciso fingir que não sente nada e se forçar a ficar parado. Se isso estiver tirando a concentração, basta se livrar do desconforto, simplesmente coçando o braço, por exemplo, o que dará condição de retomar do ponto em que parou.

O mais importante para conseguirmos meditar é se sentir completamente confortável, sem nenhuma tensão em qualquer ponto que seja do corpo. Enquanto isso, a mente reduzirá o seu ritmo e baixará também o metabolismo. A respiração naturalmente se torna menos profunda, como se o corpo necessitasse cada vez de menos ar. Nesse momento, atinge-se o ritmo de ondas cerebrais idênticas às sentidas na fase do sono profundo. Dessa forma, consegue-se uma reorganização interna do organismo, favorecendo a saúde e o equilíbrio. Permanecer alguns minutos neste estado é o suficiente para resgatarmos a paz interior, tendo a sensação agradável que sentimos após uma ótima noite de sono.

*Aurea Magalhães é Psicóloga, especialista em qualidade de vida e alívio do stress, com Pós-graduação pela Unifesp.