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O inverno é um poderoso gatilho da asma, doença crônica que afeta um em cada sete adultos no Brasil. Apesar do desconforto ocasional causado pela crise de falta de ar – consequência do estreitamento dos brônquios pulmonares –, os asmáticos não estão impedidos de praticar esportes. Muito pelo contrário, garante Humberto Bogossian, pneumologista do Hospital Albert Einstein.
“Qualquer atividade física é importante para o asmático, assim como para qualquer pessoa. A vantagem da atividade física para quem tem asma é a melhora do condicionamento cardiovascular”, diz.
Os asmáticos escutam desde a infância que a natação treina a musculatura respiratória e ajuda a controlar a doença, mas não é só nas piscinas que pode estar a vida esportiva de quem tem crises esporádicas. A corrida e o ciclismo também são outros esportes indicados para asmáticos. Embora não substituam o tratamento e o efeito de broncodilatação de alguns medicamentos, são modalidades que melhoram a capacidade aeróbica e costumam gerar a busca por hábitos de vida mais saudáveis.
“Há uma série de fatores que a atividade física puxa. Com o esporte, não estamos tratando a doença, mas sim melhorando o organismo inteiro. Quem pratica esporte busca saúde. Costuma comer direitinho, usa os medicamentos regularmente”, explica Bogossian.
Muita gente acredita que a capacidade pulmonar de um asmático é, muitas vezes, associada a fragilidade, como se um pique terminasse em falta de ar. No entanto, se a asma estiver controlada, não há qualquer indício de que o rendimento físico do asmático será inferior ao de uma pessoa que não enfrenta problemas respiratórios. Acredite: grandes atletas da história recente do esporte já recorreram às bombinhas e aos inaladores para que suas crises chegassem ao fim.
O ex-nadador brasileiro Fernando Scherer, o Xuxa, já declarou algumas vezes que sofre do problema. A asma também não impediu que os ingleses David Beckham e Paul Scholes brilhassem nos gramados de futebol. Recentemente, o ciclista Chris Froome, um dos atletas mais bem-sucedidos da modalidade, teve trabalho para explicar às agências antidoping que a substância salbutramol, encontrada em seu organismo durante uma competição, não havia sido utilizada para turbinar seu desempenho, mas sim como forma de dilatar os brônquios.
Todos os exemplos citados procuraram ajuda médica para que a doença respiratória não comprometesse suas carreiras. Há uma série de orientações para ajudar um asmático a praticar esportes sem restrições, como os medicamentos a serem usados e os momentos em que o paciente deve procurá-los, esclarece Bogossian.
No universo da alta performance, o exemplo mais emblemático de atleta que não viu a asma
como empecilho é a britânica Paula Radcliffe, dona do recorde mundial da maratona feminina desde 2003.
Aos 14 anos, quando iniciou uma rotina mais intensa de treinos, Radcliffe descobriu que tinha a asma desencadeada pelo esforço físico. As corridas provocavam uma inflamação em seus brônquios, que se contraíam repetidamente, atrapalhando sua respiração e, claro, seu rendimento esportivo. Sensível a ácaros, poluição e fumaça de cigarro, ela descobriu o que teria que fazer para correr sem restrições.
A solução foi procurar um tratamento preventivo, que começava com um pó para inalação logo pela manhã, antes de começar a se exercitar. Quando as crises apertavam, ela normalmente utilizava duas doses de sua bombinha para que o chiado tivesse fim, mas podia aumentar a quantidade de acordo com a poluição do ambiente. À noite, antes de ir para a cama, voltava a inalar o mesmo pó preventivo. Para a maratonista, entender sua asma e o que deveria ser feito para neutralizá-la foi tão importante quanto buscar os melhores métodos de treinamento.
“Também foi muito importante aquecer suavemente por mais de 45 minutos antes de competir. Eu sempre corria em um ritmo suave por cerca de 10 a 15 minutos antes de uma corrida e fazia muitos alongamentos, especialmente em climas frios. Se eu tiver uma infecção por vírus ou um resfriado, tenho que tomar muito cuidado ao fazer exercícios”, lembra a atleta, aposentada desde 2015.
“Acho que a educação é a questão mais importante. A mensagem que eu sempre tento deixar é que você deve controlar a sua asma, não deixar que ela controle você. Eu não acho que a asma tenha afetado a minha carreira. Na verdade, me fez mais determinada a alcançar o meu potencial. Se você aprender a controlar a sua asma e tomar a medicação correta, não há motivo para não ser o melhor”, acrescenta.
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