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De tempos em tempos, novas tecnologias surgem para melhorar a performance dos atletas. Uma que vem chamando bastante atenção é a eletroestimulação de corpo inteiro (ou EMS – Electro Muscle Stimulation), usada por esportistas de renome, como o ex-velocista tricampeão Usain Bolt e os jogadores de futebol Karim Mostafa Benzema, do Real Madrid, e Cristiano Ronaldo.
A tecnologia, desenvolvida há décadas na União Soviética, inicialmente ganhou o nome de corrente russa e passou a ser usada por fisioterapeutas em reabilitações e por esteticistas para tratar a flacidez. Há cerca de dez anos, ganhou nova roupagem pelos alemães para ajudar no treinamento de atletas de alta performance.
Os eletrodos, que antes ficavam visíveis e focavam apenas uma área do corpo, foram colocados em peças de vestir, como bodies, coletes, cintas para pernas, braços e até glúteos, dependendo da marca. Esses dispositivos ficam posicionados em pontos gatilhos que ativam 350 músculos do corpo simultaneamente.
Dessa maneira, promovem contrações das fibras musculares em intensidades e intervalos definidos de acordo com o objetivo do treino. Keko Rodrigues, diretor técnico do Xbody e da rede de academias Tecfit Brasil, especializada em treinamento com a tecnologia, explica que a eletroestimulação de corpo trabalha com baixa frequência (até 100 hertz), o que possibilita à pessoa se exercitar.
Se fosse utilizado o método da corrente russa, os movimentos não seriam possíveis devido à média frequência (até 2.500 hertz). E ainda garante um trabalho proporcional das partes anterior e posterior dos membros.
A diferença de potência é grande, mas por envolver todo o corpo, o trabalho é intenso. Por isso, não é à toa que as sessões com a tecnologia duram apenas de 15 a 20 minutos.
Já foram publicados cerca de 30 estudos pelo mundo sobre a eletroestimulação de corpo inteiro. Atualmente, na Universidade de Granada (Espanha), está em andamento uma pesquisa sobre seus benefícios para os corredores.
Ainda assim, segundo Matheus Elias Ferrareze, consultor técnico da Miha Brasil, que também conduz uma pesquisa de doutorado sobre o tema na Universidade do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS), os estudos preliminares já mostram vários benefícios da tecnologia para quem pratica corrida.
Algumas análises feitas pela German Sport University Cologne e Sport University of Bayreuth com jogadores de futebol mostram aumento de até 30% na potência e velocidade máxima em quatro semanas de treinamento com tiros de 5, 10, 15, 20 e 25 metros.
Ainda houve um incremento de 67% na força máxima dos músculos abdominais e de 74% na força explosiva dos músculos do core, que são ativados durante a corrida. Além disso, 71% dos participantes registraram melhorias
no desempenho e na resistência.
Matheus explica que isso é possível porque a eletroestimulação de corpo inteiro proporciona o fortalecimento muscular, tornando as passadas do corredor mais eficientes e contribuindo para o ganho de força e a melhora cardiorrespiratória. “Observamos que os atletas de curtas distâncias ficam mais rápidos por conta do aumento da potência nos membros inferiores; e os de longas distâncias se tornam mais resistentes”, acrescenta.
A tecnologia permite executar desde exercícios tradicionais — agachamento, afundo, prancha, abdominais — até aeróbios: “Hoje são realizados trabalhos em que o indivíduo corre na esteira com a eletroestimulação para acelerar o metabolismo e melhorar o VO2”, revela Matheus, que reitera que a tecnologia pode ser usada para acelerar o processo de recuperação com correntes mais baixas, de ação analgésica.
“Nesses casos, aumenta-se a irrigação sanguínea no músculo, acelerando sua recuperação”, completa. Outro ponto positivo é que apesar de trabalhar o ganho de força, não há risco de machucar as articulações.
“Esse é um treinamento com proteção ortopédica, uma vez que a carga não passa pelas articulações. Ele promove um trabalho seguro, dinâmico e de corpo inteiro, não de forma isolada, como acontece na musculação. É uma ótima maneira de auxiliar na corrida, atividade que exige fortalecimento muscular para proteger as articulações e não gerar lesões na coluna, quadris, joelhos e tornozelos, por exemplo”, diz Keko.
É fato que o treinamento de eletroestimulação ajuda no ganho de massa muscular e no tônus, mas sem volume — o que é interessante porque não oferece um peso extra para os corredores.
“Todas as fibras musculares são acionadas pela corrente, com predominância sobre as do tipo 2, que são as fibras de velocidade. Por isso, os músculos têm uma melhora no tônus, mas não ficam grandes”, explica Matheus.
No entanto, o estímulo pode variar de acordo com o treino e o objetivo de cada um. Basta mudar a frequência e o intervalo dos estímulos.
“O treinamento com eletroestimulação é como um treino neuromuscular convencional. E deve respeitar e acompanhar a periodização feita para o atleta, seja para prepará-lo para uma maratona ou uma prova de endurance”, fala Keko, que indica esse tipo de treino de uma a três vezes por semana.
As contraindicações são para pessoas portadoras de marca-passo, gestantes, epiléticos e pacientes com alguma anomalia no sistema venoso ou linfático, como trombose ou trombofilia.
“Portadores de diabetes tipo 1 podem realizá-lo desde que haja acompanhamento médico, pois a eletroestimulação de corpo inteiro pode alterar a glicemia e a necessidade de mudar o tipo de insulina”, avisa Matheus. Pacientes cardiopatas também podem usar a tecnologia, desde que tenham autorização médica.
*Por: Diana Cortez
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