Você acabou de correr, no domingo, uma meia ou uma maratona. Parabéns, campeão! Como todo bom corredor, você foi acometido por uma mordida do chamado “bichinho da corrida”, tal como um Marilson Gomes dos Santos na versão amadora. Não é raro que alguém como você, assim como fazemos tantos de nós, já esteja, mesmo sentindo dores, sonhando com a próxima oportunidade de “empurrar o asfalto para trás” e usufruir da excelente sensação de participar de outra prova longa. Muita calma nessa hora!
Ouvimos Adauto Domingues, treinador vinculado à equipe de atletismo BM&F. Ele orienta Marilson Gomes dos Santos, duas vezes campeão da Maratona de Nova York e um dos representantes do Brasil nos 42,195km dos Jogos Olímpicos do Rio. Com anos de prática (Adauto também foi atleta, com foco nos 3000m com obstáculos), o professor de educação física adverte: saiba descansar antes de reiniciar os treinos!
Você recomenda que o corredor amador que participou de uma meia ou de uma maratona descanse por quantos dias após concluí-la?
Isso é muito individual. Tem casos em que você precisa de um tempo maior; noutros, menor. Em algumas situações, é interessante passar por exames laboratoriais para verificar o quanto você se depletou (n. da redação – depletar-se significa esgotar-se, exaurir-se), o quanto você se estragou. Lembremos daquela menina suíça, a Gabriele Andersen (maratonista que chegou desidratada e com cãibras no Memorial Coliseum, o estádio dos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984). Ela concluiu a prova num estado tão deplorável de depleção…Depletou tudo o que tinha para depletar. É claro que, nesse caso extremo e em outros, é necessário passar por exames laboratoriais. Com base neles, serão estimados os prazos de recuperação. Para resumir, o prazo de recuperação depende do estado em que você fica ao concluir a prova. E isso é pessoal mesmo. Tem gente que fala que está com as unhas doendo apenas e, nesse caso, pode-se recomeçar mais cedo. Maratonas em climas muito quentes, com muitas subidas e descidas, exigem tempo maior de recuperação. É provável que se requeiram exames para definir quanto tempo de descanso se recomenda. Para você poder avaliar devidamente, é possível fazer exames de CK, acompanhados por outros. É dessa forma que você consegue detectar o quanto se estragou.
O que pode falar a respeito da necessidade de massagens?
Quando se fala em recuperação, não existe um único quesito a se avaliar. O tempo parado é um deles. Outros quesitos são um trabalho de massagem e o próprio trote, que vai te ajudar na recuperação. A massagem funciona como uma bomba de retorno do sangue venoso. A massagem, o descanso, o trote, tudo isso te ajudar a abreviar o tempo de recuperação. Quando você corre, acumula determinadas toxinas na perna e em outras regiões do corpo. Ao se submeter a uma massagem, a manipulação ativa a circulação periférica e as elimina. Quanto antes você se recuperar, logicamente, antes poderá voltar a se mexer. Ficando parado você também remove as toxinas, mas aí vai precisar de mais tempo. Quando você faz um trote, faz exercícios na piscina, faz uma massagem…tudo isso antecipa o seu retorno ao treino.
Quão premente é a necessidade que o corredor tem de se desestressar, de ocupar sua mente com outras coisas que não a corrida nesses dias de recuperação?
Há casos e casos. Vou citar o exemplo do Marilson, que foca, para uma maratona, em períodos de treinos que duram 12, 16 semanas. Assim que atinge o objetivo “X”, ao qual havia se proposto, ele dá uma relaxada e desliga a chave geral daquilo tudo. Depois de uma semana, dez dias, volta a pensar em correr. Logo que você termina uma prova dessas, curte num primeiro momento aquilo que alcançou e imagina o que poderia ter feito de melhor. Mas depois é bom desligar daquilo, para recomeçar, após o descanso, em uma outra forma.
O que os exames laboratoriais vão revelar?
Os exames são interessantes. Existe um estado que se chama anemia do atleta. Após uma prova longa como essas, você perde muitos glóbulos vermelhos e entra num quadro de quase anemia. Os exames vão checar toda a sua composição sanguínea; serão feitos também exames com a urina. O objetivo é verificar também se o corredor não sofre algum processo inflamatório. O CK, exame que está na moda agora, que os clubes de futebol vêm utilizando para avaliar o nível de stress dos jogadores e o risco de lesões, é um indicador útil. Quando você entra num nível de stress, eleva-se o seu nível de cortisona, o que é um indicador justamente desse nível. Diante desse dado, você segura a intensidade do treino. É importante fazer treinos leves para depois, só depois, intensificar.
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