Ouça os sinais do corpo para você descansar

Atualizado em 29 de abril de 2016
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A intenção da O2 é fazer com que você corra mais rápido, melhor e que tenha um prazer constante com a prática do esporte. Mas esses benefícios não vêm apenas com o respeito à planilha e com a dedicação extrema ao treino. Na verdade, vêm também com o seu oposto: o descanso. É comum querer aumentar a intensidade ou o volume do exercício para aprimorar a performance, mas é necessário prestar atenção aos sinais que o seu corpo te envia dizendo que é hora de tirar o pé do acelerador. Não obedecer a esses “gritos de socorro” do seu organismo é pedir para as chances de a máquina quebrar aumentarem.

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Mas como identificar o momento certo de preferir ficar esticado no sofá em vez de sair para o treino? Para ajudá-lo, selecionamos uma lista de sintomas que o seu corpo te envia dizendo que está precisando relaxar um pouco – e normalmente você nem dá ouvidos. Pegue um belo copo de água, acomode-se em sua poltrona e identifique se alguns desses sinais estão em alta. Se a conclusão for positiva após a leitura, talvez seja melhor se reclinar no assento e tirar um cochilo.

Frequência cardíaca acima do normal
Este é um dos sinais mais claros de que está na hora de dar uma relaxada. Para aqueles corredores que usam o frequencímetro, fica mais fácil identificá-lo. Quando a frequência cardíaca em um treino está acima do normal para o ritmo ao qual você está acostumado ou ainda quando ela está elevada em repouso é um sinal de estresse. Esse quadro pode ser relacionado, sim, ao exagero na corrida, assim como a problemas na vida profissional e pessoal. Como o corpo não identifica a causa dessa alteração, o ideal é redobrar a atenção com a recuperação pós-treino, principamente daqueles mais duros – que exigem, pelo menos, 48 horas de repouso.

Fora do ritmo
Não conseguir se encaixar no pace habitual de sua corrida significa que o seu corpo está exigindo descanso. Mas é possível que esse sinal não esteja relacionado a um cansaço extremo, e sim apenas a uma fadiga momentânea. Uma boa forma de saber a diferença é perceber se, nos últimos três ou quatro treinos, o que predominou foi a fraqueza ou se, na maior parte do tempo, você se sentiu bem. “Esse cansaço pode ser um quadro de perda de eficiência motora em decorrência de fadiga da musculatura”, afirma Gustavo Magliocca, especialista em medicina do esporte e do exercício da clínica Sports Care Club.

Sem vontade de treinar
Você já passou por aquela sensação de estar correndo somente por correr, sem aproveitar na plenitude o prazer proporcionado pela corrida? Ou, ainda, já se sentiu desmotivado nas horas que antecedem o treinamento? Se a resposta a alguma dessas duas situações for afirmativa, pode ser que o seu corpo esteja em um estado de cansaço tão extremo que até mesmo uma atividade antes considerada prazerosa e gratificante se tornou um suplício… está aí mais um sinal para tirar uma pequena folga!

Vontade de comer besteira
Claro que ingerir um doce, um sanduíche ou uma besteirinha vez ou outra é comum. Não é com isso que você deve se preocupar, mas com aquela vontade incontrolável de devorar esses alimentos que causam prazer imediato. Isso está relacionado diretamente ao nível de cortisol (hormônio que causa o mau humor e letargia) no sangue. “Além de prejudicar o metabolismo, o excesso de treino traz problemas para conter a vontade de se alimentar de forma correta, provocando um ciclo vicioso de má alimentação e metabolismo desregrado”, explica o treinador Lucas Pretto, diretor da Estúdio Pretto Treinamento Funcional.

Perda de massa magra
Nem sempre perder peso é algo a se comemorar. “A perda de massa magra (no caso, músculos) é comum durante a disfunção causada pelo excesso de treino e se dá quando a velocidade de destruição de massa muscular provocada pelo exercício é maior do que a capacidade do organismo de reconstruir os tecidos”, ensina Pretto. Uma forma de medir essa “destruição” é por meio de exames clínicos e pela dosagem do CPK sanguíneo (creatina quinase), resíduo metabólico da reconstrução muscular. “Se esse índice estiver alto, pode-se descobrir que o treino está muito intenso ou que o descanso é insuficiente”, completa.

Sono incontrolável
Passar o dia desejando estar em sua cama dormindo ou até se pegar cochilando sem querer durante o trabalho é outro sinal de que você precisa dar uma parada, ainda mais se tem dormido as horas suficientes (cerca de oito por noite). “Geralmente, a perda de concentração e de prazer nas atividades antes prazerosas, bem com uma irritabilidade fora do normal, tendem a acompanhar essa situação de sono constante, o que só ratifica que se faz necessário o descanso”, diz Magliocca.

A recuperação
Em quadros comuns de cansaço, a recuperação costuma levar de 48 a 72 horas. Quanto antes você perceber que precisa de repouso, melhor e mais rápida será a volta aos treinos. “Uma massagem, a adequada ingestão de líquidos e nutrientes, uma noite de sono, métodos de imersão em gelo ou em banheiras de contraste (quente/frio) ajudam bastante”, aconselha Magliocca. E lembre-se: quando há insistência na carga pesada em momentos em que o corpo pede repouso o quadro pode se agravar e a recuperação, antes rápida, pode exigir semanas ou até meses.

(Reportagem da edição 131, de março de 2014, da Revista O2)