Sem lesão: correr descalço é pra todos?

Atualizado em 21 de dezembro de 2017

Apesar de grande parte dos corredores correr apoiando primeiro o calcanhar e lodo depois a planta do pé, já se sabe que cair com o médio-pé ajuda a evitar sobrecargas e a prevenir lesões. Isso não significa, no entanto, que essa regra é igual para todos ou que qualquer corredor está preparado para correr descalço.

Mas o que uma coisa tem haver com a outra? A resposta está em por que você cai com o calcanhar. Especialistas afirmam que ao correr calçado, o homem passou a mudar o movimento natural da corrida. Isso porque, segundo os estudiosos, as tecnologias e a anatomia dos tênis fizeram com que o corredor mudasse sua forma de se mover. Para eles, com o passar dos anos, os tênis evoluiram com um erro: o calcanhar é mais alto que a parte da frente do pé. Com isso, a mecânica de corrida foi afetada, o que culminou na técnica de corrida não natural. Isso significaria que, ao correr descalço, você não aplicaria a mesma técnica que usa quando está com os tênis nos pés. Correr descalço faria com que, naturalmente, você não aterrizasse com o calcanhar.

Foi a partir desta teoria, aliás, que surgiu a cultura da corrida minimalista, quando apareceram os tênis mínimos que tentam imitar a sensação de correr com os pés despidos. O primeiro aspecto desses tênis é que não há diferença na altura da entressola entre o calcanhar e a parte dianteira do pisante. É algo similar a uma luva para os pés que se encarrega de protegê-los dos agentes externos do solo, como pedras ou espinhos, por exemplo.

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O que dizem os estudos?
A teoria que sustenta que durante a corrida é melhor cair primeiro com o médio-pé para diminuir a taxa de lesões e melhorar a eficiência da corrida ainda não foi 100% confirmada. Muitos de seus defensores usam essa constatação como referência do estudo publicado na publicação de Madrid, Medicina y Ciencia en Deportes y Ejercicio. A pesquisa demonstrou que os corredores que aterrizam em cada passada com a parte do médio-pé sofrem 50% menos lesões. O problema do estudo, no entanto, é que os 16 corredores que foram analisados e que caiam sem apoiar o calcanhar eram atletas de alto nível. Em geral, corredores profissionais realmente usam essa técnica, como os quenianos, que são rápidos e têm biomecânica perfeita.

Quando o assunto passa para os demais corredores a história muda de figura. De acordo com outro estudioso da área, o doutor Thomas Michaud, autor do livro Foot orthoses and other forms of conservative foot care e que atua em Newton, Massachusetts, corredores com pé plano que tentam fazer a transição para a corrida natural tendem a sofrer mais lesões de fascite plantar e tendinites de Aquiles, enquanto corredores com o pé arqueado sofrem com entorse de tornozelo e fraturas por estresse do metatarso.

A razão pela qual eles têm diferentes lesões seria porque a absorção do impacto ocorre em diferentes partes do corpo. Seguindo nesta mesma linha, estudo feito pela Universidade de Massachusetts mostrou que aqueles que correm apoiando a parte média do pé absorvem mais impacto no tornozelo e menos nos joelhos, enquanto que os que apoiam primeiro o calcanhar reduzem a tensão muscular no tornozelo e a aumentam nos joelhos. O mesmo estudo ainda afirma que a forma de pisar não altera a força ou a velocidade na corrida. O que muda é a forma como o corpo recebe o impacto sobre as articulações e os músculos. Os que usam a técnica minimalista absorvem a força no arco dos pés e nas pernas. Já aqueles que se dedicam a técnica “tradicional” sofrem mais impacto sobre os joelhos.

Por isso, antes de mudar sua técnica de corrida, o melhor é consultar um médico do esporte para saber se convém, para você, fazer a mudança. Ele deverá constatar como andam as suas articulações, qual é o seu tipo de pisada e o formato do seu pé.

Lembre-se que a maior parte dos estudos assegura que cair com o médio-pé ajuda a prevenir lesões. Mas, antes de tudo, o melhor é fazer uma avaliação de sua musculatura e biomecânica, levando em conta o seu histórico de lesões. Também é importante verificar se, antes de investir na corrida minimalista, você precisa fortalecer algum grupo muscular na academia.

(Fonte: atletas.info, site parceiro na Argentina)